Aumenta o extermínio de animais na Capital
2005-01-25
A cada duas horas, um gato ou um cachorro é exterminado pela prefeitura de Porto Alegre. A média de 12 animais mortos por dia no primeiro semestre de 2004 revela um aumento de 42% em relação ao ano anterior e descontenta as entidades de defesa dos animais. Elas reclamam que as esterilizações, consideradas o método ideal de controle da população animal, subiram só 28% no mesmo período. Em média, são realizadas cinco cirurgias a cada dois dias. - Somos contra o extermínio. A castração em massa é a forma de solucionar o problema dos animais de rua - diz a coordenadora da ONG Luz Animal, Zelia Cardoso.
A administração municipal afirma que os animais sacrificados, em maioria, são recolhidos com ferimentos graves, o que impossibilitaria sua recuperação. - Os médicos veterinários sofrem ao praticar a eutanásia nos animais, sinal de que só é usada como último recurso. Esperamos que a comunidade adote mais, pois os animais à disposição estão castrados, livres de doenças e são de graça - apela a coordenadora-geral de vigilância em saúde, Denise Aerts. Enquanto as mortes aumentaram 42%, as adoções subiram apenas 2%. Dos 13 animais recolhidos em média por dia, somente três acabam ganhando uma nova casa. Com o canil e o gatil municipais em sobrecarga permanente, a população de cães e felinos de rua se multiplica e eleva o perigo de doenças e ataques. - O adulto é ferido nas pernas, mas os menores são atacados no rosto. Todos os dias aparecem casos de crianças feridas - diz o chefe de plantão do Hospital de Pronto Socorro (HPS), Plínio La Salvia.
Mesmo quando não representam um risco à saúde, os animais motivam conflitos. A bronca maior é de moradores descontentes com a troca de latidos entre os vira-latas e os cães de raça mantidos do lado interno das grades. - O problema maior acontece entre 21h e meia-noite. Eles rasgam o lixo, e toda a cachorrada da vizinhança começa a latir também - reclama Celina Souza, 67 anos, moradora da Rua Engenheiro Antônio Carlos Tibiriçá.
Conforme o secretário municipal da Saúde, Pedro Gus, o canil municipal, nome popular do Centro de Controle de Zoonoses, deve melhorar as condições de funcionamento nos próximos meses: - Colocamos em dia uma dívida que estava dificultando o trabalho. Ainda estamos nomeando os diretores e pretendemos investir em campanhas educativas. Segundo levantamento do Núcleo de Controle de População Animal, a esterilização é duas vezes mais cara do que a eutanásia. Para castrar uma cadela de 10 quilos, em média são gastos R$ 40. A morte de um animal com o mesmo peso, macho ou fêmea, custa ao município R$ 20. Voluntários interessados em ajudar nas cirurgias ou moradores dispostos a adotar um animal devem procurar o canil. O Canil Municipal fica na Estrada Bérico José Bernardes, 3.482, no limite com Viamão. O telefone para contato é (51) 446-8500 (ZH, 41)