OAB de Sergipe diz que transposição do rio São Francisco beneficia latifundiários e empreiteiras
2005-01-24
O presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Sergipe, Henri Clay Andrade, afirmou no dia 20 de janeiro que o governo está decidido a realizar a transposição das águas do Rio São Francisco baseado tão somente no objetivo econômico de favorecer com ela os latifundiários que querem criar camarões e as grandes empreiteiras que tocarão a obra. Ele afirmou que a população do Nordeste está perplexa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se comprometeu a não fazer a transposição sem que antes houvesse a revitalização do rio.
Henri Clay disse que um estudo técnico do Conselho Nacional de Recursos Hídricos demonstra que não há viabilidade técnica para fazer a transposição sem que antes haja revitalização do rio. – Então a decisão de transpor as águas, anunciada para abril, pode resultar em prejuízos irreparáveis para o rio, sobretudo nas suas margens nos Estados de Minas Gerais, Bahia, Alagoas e Sergipe. O volume de água, hoje, é insuficiente para fazer essa transposição, tanto que em determinados períodos do ano a água do mar está invadindo o Velho Chico, observou.
O presidente da OAB-SE, entidade que lidera a Frente Nacional de Defesa do Rio São Francisco, lembrou que o governo argumentava anteriormente que a transposição seria para combater a seca e matar a sede dos nordestinos do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. – Mas esse argumento não é verdadeiro, é falacioso e caiu por terra, pois está comprovado no próprio documento do Conselho Nacional de Recursos Hídricos que a transposição tem objetivo econômico, beneficiando apenas os criadores de camarões nesses Estados e as empreiteiras. (JB 21/1)