Cientista dos EUA deixa o grupo de pesquisadores de furacões da ONU
2005-01-24
Um pesquisador dos Estados Unidos está deixando um grupo de investigadores patrocinados pelas Nações Unidas, afirmando que o grupo está politizando o processo de pesquisa. Chris Landsea, que trabalha para a divisão de Miami da Administração Oceanográfica e Atmosférica Nacional (NOAA), disse que ele não irá contribuir para o Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC) sobre as condições atmosféricas e condições climáticas superficiais porque o autor que lidera o documento falou aos repórteres que o aquecimento global contribuiu para intensificar os intensos furacões atlânticos.
Em uma carta que divulgou na Internet, Landsea disse que havia poucas evidências para justificar a afirmação de Kevin Trenberth, feita em outubro passado, segundo as quais a temporada de furacões de 2004 no Atlântico Norte seria o arauto do futuro quanto às tendências climáticas.
–Está além de mim a explicação sobre por que meu colegas utilizariam a mídia para empurrar uma agenda não sustentada segundo a qual a recente atividade dos furacões deve-se ao aquecimento global, escreveu ele.
–Minha visão é de que quando as pessoas se identificam como associadas ao IPCC, e então fazem pronunciamento fora de entendimentos científicos, isto irá prejudicar a credibilidade da ciência da mudança climática e irá diminuir nosso papel na política pública.
A querela entre Landsea e Trenberth – que encabeçou a seção de análises no debate do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica, em Boulder, Colorado –sustenta uma ampla batalha a respeito de qual papel os cientistas devem ter em uma das mais contenciosas discussões ambientais desta década. Alguns pesquisadores dizem que eles têm que expressar uma obrigação acerca das contribuições humanas para a mudança climática, mostrando o que está em jogo; outros dizem que eles não têm o direito de agir como advogados políticos. (Washington Post, 23/1)