FSM terá documentário inédito e debate sobre a miséria de aldeias Xavantes no MT
2005-01-24
O V Fórum Social Mundial foi o espaço escolhido pela equipe da Expedição AUWE para tornar pública a ação e promover a estréia de Expedição AUWE - a volta de Tsiwari, documentário que mostra a situação de abandono, miséria e esgotamento dos recursos naturais em que vivem os integrantes das aldeias Xavante de São Pedro e Onça Preta, na terra indígena de Parabubure, no estado do Mato Grosso. Será a primeira vez em que o grupo vai falar sobre o assunto em público.
O evento de apresentação do documentário, que acontece nos dias 27 e 29 de janeiro, será seguido de debate com a participação dos integrantes da Expedição A UWE e representantes das comunidades indígenas Xavante das aldeias de São Pedro e Onça Preta: Marcos PalmeiraTsiwari - ator e produtor orgânico, Fábio Ramos - zootecnista, Laine Milan - jornalista, Larissa Barros - socióloga, Carlos Wagner La-Bella (Waguinho) - produtor, Ronaldo Nina - fotógrafo, Marcelo Leal - diretor de fotografia e camera man, Sérgio Melo - operador de áudio, Cacique Germano - Aldeia Onça Preta, Cacique Isaías - Aldeia São Pedro e Rodolfo - Professor da Aldeia São Pedro. A primeira fase da Expedição deu origem ao documentário, uma co-produção da Fazenda Vale das Palmeiras e a TVi - televisão + cinema.
O principal objetivo da Expedição AUWE - criada através de parceria entre a Fazenda Vale das Palmeiras com a TVi - televisão + cinema, Sebrae, Fundação Banco do Brasil e Ministério da Integração - é buscar apoio técnico e financeiro para auxiliar as aldeias indígenas de Parabubure a saírem de sua condição de miséria e alertar para o descaso e abandono em que se encontram os membros destas e outras comunidades indígenas no país. Segundo Laine Milan, diretora do documentário e integrante da Expedição, a intenção é fazer com que todas as pessoas que se interessam pela causa dos povos indígenas saibam da situação e participem do projeto. - Nós acreditamos que todos os interessados, empresas, pessoas ou órgão públicos podem auxiliar através de patrocínios, parcerias e divulgação desta iniciativa. Estamos planejando uma série de ações para ajudá-los a preservar a própria cultura e viver em condições dignas, numa terra demarcada. Os povos indígenas precisam encontrar urgentemente alternativas de sobrevivência, afirma Laine. A diretora diz que o Fórum Social Mundial é o espaço ideal para trocar opiniões, referências, experiências e buscar soluções.
Ator Global
A primeira fase da Expedição começou em 5 de julho de 2004, quando o ator e produtor orgânico Marcos Palmeira - que há 25 anos foi batizado pelos Xavante com o nome de Tsiwari / Sem Medo - e mais sete pessoas rumaram ao coração do Mato Grosso para ver de perto a situação das aldeias, atendendo a um pedido da comunidade Xavante. Foram quinze dias de convívio intenso, em que os integrantes da Expedição AUWE traçaram um diagnóstico da situação em que vivem cerca de 400 pessoas, presenciaram o ensino das tradições, o fortalecimento da coragem e da determinação junto aos waptés - os adolescentes, o respeito aos rituais de passagem e às cerimônias que traduzem até hoje o espírito de um povo forte e guerreiro. O grupo testemunhou também o descaso com que essas comunidades são tratadas pelo poder público, pelos grandes fazendeiros, por interesses estrangeiros, a carência de saúde, de orientação, de educação e a exclusão social a que estão submetidos.
Primeiros resultados
A partir desta primeira expedição, uma equipe já esteve na aldeia São Pedro e ensinou aos Xavante a técnica da Mandala (plantio de várias culturas feito de forma circular, com um lago no meio), projeto do Sebrae, da Fundação Banco do Brasil e Ministério da Integração. Em outubro, fizeram a plantação da primeira Mandala no solo rústico do cerrado do Mato Grosso. No final de janeiro, os índios Xavante das aldeias de São Pedro e Onça Preta começam a colheita da primeira Mandala.