Considerado um dos mais charmosos balneários do norte do Uruguai, La Esmeralda, a 60 quilômetros do Chuí, teve a paisagem devastada por um incêndio de quatro dias. Ao final das ações de uma força-tarefa de 300 homens, o vilarejo cercado por uma mata de eucaliptos se transfigurou numa floresta negra, com árvores queimadas, casas destruídas e uma espessa camada de fuligem acarpetando as dunas.

Ninguém ficou ferido, mas as estimativas iniciais apontam para um prejuízo de US$ 10 milhões. O fogo começou no domingo, quando um veranista uruguaio queimou o lixo recolhido ao redor de casa e foi à praia. A vegetação seca pela estiagem e o vento espalharam as chamas. O responsável foi preso no domingo e poderá ser condenado a até 30 meses de prisão.

Em poucas horas, o incêndio alcançava da beira-mar à rodovia, atingindo uma área de 1,1 mil hectares, dos quais 450 foram totalmente incinerados. Um véu de fumaça se estendeu sobre a floresta, engolindo as casas e dificultando a visão dos moradores que tentavam combater o fogo.
- Parecia pólvora, tamanha a rapidez com que as chamas se propagavam. Nasci de novo, mas consegui salvar minha casa - conta Marco Rodrigues.
Os bombeiros foram chamados, mas os dois primeiros caminhões não funcionaram. Com o vento soprando forte, e o fogo conquistando terreno com velocidade, o governo federal montou uma operação de guerra.

Bombeiros, policiais, operários, servidores públicos e militares do Exército e da Força Aérea Uruguaia foram deslocados à região. A Ruta 9, principal rodovia de acesso à capital, Montevidéu, teve o tráfego bloqueado e a pista transformada em aeroporto. O local foi declarado zona militar e servia para o pouso e decolagem de aeronaves. (ZH, 21/1, p. 40)