Devastada vegetação na Praia Mole (SC)
2005-01-21
O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) começaram a investigar quarta-feira (19/01) a devastação de parte de um terreno às margens da Rodovia Jornalista Manoel de Menezes, a cerca de 50 metros da faixa de areia da Praia Mole, no Leste da Ilha de Santa Catarina. A denúncia partiu de membros da associação SOS Praia Mole, que ficaram revoltados com a ação de um trator sobre a restinga, vegetação que corre risco de extinção e é protegida pela legislação ambiental. De acordo com Bira Shauffert, um dos representantes da instituição, o corte da mata nativa se iniciou timidamente na terça-feira, mas quarta pela manhã foi retomado com o uso de uma máquina, que trabalhou na área até o início da tarde. Cerca de mil metros quadrados de vegetação desapareceram no curto período. O terreno, de 9 mil metros quadrados, está à venda.
Atendendo solicitação do procurador da República Walmor Alves Moreira, chefe do MPF em Santa Catarina, policiais ambientais foram até o local à tarde. Eles constataram que a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) havia autorizado o corte em 2 mil metros quadrados do terreno, mas a licença permitia apenas a retirada de pés de eucaliptos. Segundo o biólogo Walter Widmer, que atua no MPF e também esteve no terreno quarta à tarde, a autorização da Fatma foi desrespeitada pelos donos do terreno. Widmer, que estava acompanhado do delegado federal Germano Miranda e mais dois agentes da PF, afirmou que também foi cortada vegetação de restinga.
Ontem, Widmer e a Polícia Ambiental deveriam encaminhar relatório ao procurador Moreira. O delegado Miranda disse que, se for constatado crime ambiental, os responsáveis serão incriminados. Conforme moradores da região, parte da vegetação de restinga arrancada ontem foi enterrada no próprio terreno. Além de extrair a mata nativa, os responsáveis pela área ainda abriram uma trilha de dois metros de largura até a beira-mar, sem qualquer autorização para tal. (Diário Catarinense, 20/1)