Esgoto bruto será lançado no mar da Barra (RJ) durante um ano
2005-01-21
O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro vai assinar com o Ministério Público para lançar 900 litros de esgoto por segundo, sem tratamento primário, no mar da Barra estabelece que o despejo só poderá ser feito pelo período máximo de um ano. É o prazo previsto para que a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) entre em atividade. Depois disso, só esgoto tratado poderá ser despejado no mar da Barra.
A operação, que fere uma lei estadual e deve ter início em junho, está sendo comparada por ambientalistas à escolha de Sofia: lançar esgoto no mar para deixar de despejar nas lagoas. Para cumprir o TAC e colocar a estação para funcionar, a Cedae terá que interligar a ETE ao emissário através de dutos que serão instalados na área do Bosque da Barra. Isso põe na mira das escavadeiras parte da vegetação de restinga do bosque, uma área de proteção ambiental. A passagem da tubulação, porém, ainda não foi autorizada pela prefeitura. O secretário municipal de Meio Ambiente, Ayrton Xerez, aguarda a entrega de um relatório:
– Estou disposto a colaborar com o programa de saneamento, mas quero que a Cedae garanta que não haverá derrubada de árvores. Outra exigência é saber se eles têm recursos definidos para que a obra não seja interrompida pelo meio. Sem essas garantias, nada feito.
O coordenador das obras do programa de saneamento da Barra e Jacarepaguá, Aldoir de Souza, diz que não haverá danos. O projeto da Cedae, porém, divide associações de moradores e entidades ambientais. O diretor do Grupo Ação Ecológica (GAE), Gustavo de Paula, considera absurdos o despejo no mar e as obras dentro do parque: – Não se tem garantias de que o esgoto não vai poluir o mar e também não se pode passar os dutos pelo parque.
De acordo com o coordenador das obras, Aldoir de Souza, a Cedae se comprometerá a monitorar as condições do mar e a paralisar o despejo caso a balneabilidade seja comprometida. (O Globo 20/1)