Programação paralela ao FSM inclui seminário sobre biotecnologia
2005-01-21
Para a jornalista Ruth Bellinghini, especialista em genomas pelo Laboratório de Embriologia do norte-americano Massachusetts Institute of Technology (MIT), os transgênicos são o futuro da agricultura mundial. Para o pesquisador Paulo Cesar Stringheta, da Universidade Federal de Viçosa, é a agricultura orgânica que ganhará espaço, sendo produzida em escala e conquistando cada vez mais mercados.
Ao lado de outros palestrantes, os dois especialistas farão ponto e contraponto no Seminário BioBrasil, que ocorre na próxima terça-feira (25/1) em Porto Alegre. De olho no público que estará na Capital para o Fórum Social Mundial, o Instituto para o Desenvolvimento Socioambiental (Idesa) e a Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), promotores do evento, prometem apresentar mais de uma visão sobre os transgênicos.
- Não queremos tomar partido. Quanto mais contraditório, melhor, porque é o debate que é interessante, afirma Luiz Cicchio, presidente do Idesa.
Assegurando que os transgênicos têm o apoio da grande maioria do meio científico, Ruth já projeta as novas gerações de plantas geneticamente modificadas que chegarão ao mercado. - Acho que vamos começar a nos deparar com coisas que agreguem valor para o consumidor final. Por exemplo: tem uma soja nova que é resistente ao glifosato e tem metade da gordura da soja convencional, prevê.
Já o professor Stringheta defende mais pesquisas para que se comprove a segurança do consumo de alimentos transgênicos em longo prazo. E como alternativa à biotecnologia, propõe o cultivo de produtos orgânicos, sem o uso herbicidas e químicos. Segundo o especialista, até mesmo a produtividade das plantas cultivadas dessa forma pode ser igual à das lavouras convencionais.
- A agricultura orgânica trabalha com a sustentabilidade e por isso é uma tendência. Há países da Europa em que 20% dos alimentos consumidos são orgânicos, revela Stringheta. A discussão entre defensores das duas teses já ocorreu em três outras capitais brasileiras antes de chegar a Porto Alegre. Esse debate ainda será levado pelo Idesa e pela Abrasem a outros municípios do país. (ZH, Campo & Lavoura, 2)