Detroit aceita exigência ambiental
2005-01-21
O Salão de Detroit se encerra neste domingo (23/1). Para quem esteve lá, ficou a impressão de que as montadoras norte-americanas andam em busca de um caminho seguro, em meio a um mar de incertezas, traduzidas em números. Em 2004, a participação das montadoras japonesas e coreanas no segmento das picapes e veículos utilitários, que é o mais lucrativo, foi de 26%. Há dez anos, essa participação inexistia.
No salão, o presidente mundial da Toyota, Fujio Ho, anunciou que a montadora será a primeira do mundo até 2010, o que deixou constrangidos os diretores da General Motors. Eles trataram de desmentir Ho, afirmando que a nova ofensiva de produtos da GM a manterá na liderança por décadas. Pode ser. Mas a Toyota já tem 13% de participação no mercado global e a GM, 15%. E dois pontos percentuais, no ultracompetitivo mundo do automóvel, não garantem liderança.
Também em relação aos modelos apresentados em Detroit, ficou evidente que as montadoras norte-americanas oscilam entre a cultura tradicional dos grandes automóveis e utilitários, muito potentes, e a nova cultura voltada à proteção ambiental e à racionalidade, expressa em carros híbridos e protótipos, como o GM Sequel, movido à célula de hidrogênio, e o Graphyte, com motor híbrido.
É uma tendência que não pode ser associada só ao oportunismo de montadoras que perderam mercado diante do sucesso do híbrido Prius da Toyota. Há uma crise energética real. Só resta saber quando se agravará. E isso, cedo ou tarde, induzirá à mudança da matriz energética, disse o presidente mundial da GM, Rick Wagoner.
Como grandes marcas trabalham com projeções de até dez anos à frente, as palavras dele devem ser interpretadas como um reflexo da crise que se aprofunda no Oriente Médio, da constante ameaça terrorista que leva norte-americanos a serem mais cuidadosos e das próprias incertezas do mercado automobilístico. Assim, os fabricantes cada vez mais devem atender às exigências dos consumidores por produtos melhores e amigáveis em relação ao ambiente. Se, como diz Wagoner, o único resíduo do hidrogênio é o vapor d água, então o carro do futuro será movido a hidrogênio. Nesta edição, estão as tendências e veículos que valeram a pena neste Salão de Detroit. (CP, 20/1, p.9)