MAB mantém protestos na divisa do Estado
2005-01-20
Cerca de 300 manifestantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) trancaram ontem, por duas vezes, o tráfego no km 329 da BR-470, que liga os municípios de Campos Novos, em Santa Catarina, e Barracão, no Rio Grande do Sul. Foi o segundo dia de manifestações no local, e novos protestos estão marcados para hoje. Os manifestantes também impedem, desde terça-feira, a entrada de funcionários no canteiro de obras da Hidrelétrica Campos Novos. Cerca de 23 veículos das empresas que trabalham na obra foram retidos pelos manifestantes e tiveram seus pneus esvaziados.
Exibindo pedaços de madeiras e pedras, integrantes do MAB bloquearam a rodovia das 6h30min às 9h e das 14h30min às 16h30min. Na terça-feira, dois veículos que tentaram furar o bloqueio foram apedrejados. Os manifestantes exigem a realização de uma reunião com representantes do governo federal e das empresas envolvidas nas construções das barragens de Campos Novos, Machadinho, Itá, Manjolinho, Foz do Chapecó e Bernardo José, no norte do Estado e no sul catarinense.
Ontem, a Justiça Estadual de Campos Novos concedeu o interdito proibitório da rodovia e da estrada municipal que dá acesso às obras de Campos Novos. Os manifestantes só permitem a passagem de agricultores que moram na região. Cerca de 30 policiais militares acompanham a movimentação no local. Esse número deve aumentar para que seja feito o desbloqueio da rodovia e da estrada pela polícia. Segundo Otacílio Rosa, da coordenação nacional do MAB, os protestos irão continuar até que a reivindicação seja atendida.
De acordo com um diretor de uma das empresas que trabalham em Campos Novos, o trabalho de aproximadamente 1,8 mil funcionários está praticamente interrompido. No final da tarde, a Enercan, empresa responsável pela Usina Hidrelétrica Campos Novos, emitiu uma nota à imprensa, por meio de sua assessoria, lamentando o episódio e qualificando-o de promoção da desordem, violência e coação. Segundo a empresa, o investimento na obra é superior a R$ 1,2 bilhão. Quando estiver concluída, em 2006, a usina deverá ser responsável pela produção de 30% da atual demanda de energia elétrica do Estado. (ZH, 32 / O Sul, 2)