Paraná tem maior devastação, diz SOS Mata Atlântica
2005-01-19
O maior desmatamento identificado pela ONG SOS Mata Atlântica em seus 18 anos de história está no Paraná, na cidade de Rio Bonito do Iguaçu, centro-oeste do estado. O foco da devastação é a Fazenda Araupel, comprada pelo governo federal no ano passado, para reforma agrária. Mais de 10 mil hectares de mata nativa teriam sido dizimadas entre 1996 e 2002, segundo a Federação de Agricultura do Paraná (Faep), nos dois acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) na localidade, Ireno Alves e Magno Freire.
No entanto, o diretor de relações institucionais da SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, não vê o movimento como culpado pela devastação. – O MST foi a mão do gato no teto de zinco quente. O Incra foi conivente com a depredação da área, a empresa refém dos governos federal e estadual. Foi uma seqüência de crimes acobertados pela incompetência, ganância e omissão, afirma.
A compra da Fazenda Araupel para o assentamento de famílias sem-terra é um dos principais pontos de investigação da CPI da Terra, em tramitação no Congresso Nacional. – Temos um governo que coloca dificuldades a toda hora para a expansão da agricultura, tendo como argumento a questão ambiental, Esse governo paga R$ 75 milhões em uma área que já foi vítima de um massacre ambiental por parte do MST, diz o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), presidente da CPI.
Aniversário
A Fundação SOS Mata Atlântica comemorou ontem 18 anos de sua criação. A entidade, por meio de seu presidente, Roberto Klabin, lançou a campanha publicitária Preservação da Mata Atlântica – Há 18 anos no nosso sangue. Segundo o diretor de Relações Institucionais da Fundação, a Mata Atlântica é hoje é uma das florestas tropicais mais ameaçadas do mundo.
Da área original de 1,36 milhão de quilômetros quadrados (15% do território nacional), só restam 7% intactos. Ele lembrou que o Projeto de Lei da Mata Atlântica (n.º 3.285/92) está tramitando no Congresso há 12 anos. (Gazeta do Povo/PR 18/1)