Dois meses depois da explosão, parte do navio Vicunã está fora do mar
2005-01-19
Após seis dias de tentativas, a proa (frente) do navio chileno Vicuña foi retirada do mar às 17 horas de segunda-feira (17/1). A embarcação explodiu no dia 15 de novembro passado, quando descarregava metanol no ancoradouro da empresa Cattalini, no Porto de Paranaguá. Quatro pessoas morreram no acidente, considerado o mais grave da história do porto e um dos piores em danos ambientais para a baía.
Depois de içado pela cabrea da empresa Smit, a proa foi colocada sobre uma barcaça, onde será amarrada, cortada em partes menores e levada para Pontal do Paraná.
O principal problema da operação de ontem era o excesso de peso da proa. A estrutura do Vicuña era preparada para cortar mar congelado. Por isso a proa foi feita de material reforçado e mais pesado. – É uma chapa mais grossa e resistente, por isso o trabalho foi mais demorado, disse João Manoel Pinho, representante do setor de operações da Wilson, Sons, uma das agenciadoras do navio.
A solução foi a retirada de toda a estrutura interna da proa, como os paióis e o tanque de vante (responsável por fazer o contrapeso do navio quando ele é carregado). – Deixaram a proa oca, disse João Antonio de Oliveira, fiscal do Ibama. Segundo João Antonio, foram aproximadamente 180 toneladas retiradas da proa para que o trabalho continuasse.
Nos primeiros dias de trabalho, a contenção do óleo foi considerada satisfatória, disse João Antonio. No sábado, 15, no entanto, a empresa Smit diminuiu o número dos pescadores responsáveis pela contenção sem avisar o Ibama. Neste mesmo dia houve um vazamento maior do que o registrado até então. – O óleo saiu da área de barreiras de contenção, alertou Sebastião Garcia Carvalho, representante da regional litoral do IAP (Instituto Ambiental do Paraná). Dia 17 de janeiro à noite, após reunião com o IAP, o Ibama emitiu uma multa de R$ 250 mil a Smit pelo erro.
O trabalho ainda continua. A próxima parte içada será a popa, começando pelo motor, que é a parte mais pesada. Junto com o casario, que já foi retirado de Pontal do Paraná, proa, popa (traseira) e a parte central do navio serão reaproveitados pela fábrica Gerdau que fundirá todo o material. (Gazeta do Povo/PR 18/1)