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2005-01-18
Em dois anos e meio, a capacidade de confinamento de lixo do aterro sanitário de Cuiabá estará esgotada. Este é um dos principais problemas dentre uma série de irregularidades da gestão do lixo na capital, como a falta de licenciamento ambiental e sucateamento das máquinas na usina de compostagem. A usina foi construída durante a gestão Dante de Oliveira na prefeitura de Cuiabá e inaugurada em outubro de 1996, quando o vice José Meirelles havia assumido a administração. A obra, um verdadeiro elefante branco, custou quase US$ 7 milhões – dinheiro vindo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bird) por meio do Prodeagro. Antes da construção da usina, o sistema de coleta de lixo em Cuiabá se resumia a um lixão às margens da rodovia Emanuel Pinheiro. Aí veio a idéia. – Vivíamos um caos na gestão do lixo e depois se propôs a usina como se fosse um passe de mágica, afirma o professor Paulo Modesto, do departamento de Engenharia Sanitária da UFMT.

Mas o programa não financiava obras de aterro. Por isso, o projeto acabou tendo o mote de recuperar uma área degradada pelo garimpo. A proposta tinha princípio auto-sustentável. Na usina, parte do lixo coletado - plásticos, vidro, papelão, alumínio, latinhas - seria reciclado. O material orgânico (restos de comida, frutas e verduras), transformado em adubo em 39 containeres trazidos da Alemanha. Tudo comercializado pela cooperativa formada pelos catadores de lixo da antiga área que operaria o sistema. A conta era simples. A capacidade de processamento era de 200 toneladas por dia. Do total, 15% (30 toneladas) iriam para a reciclagem. Como se sabe que a metade do lixo é orgânica, 100 toneladas seriam transformadas em húmus. Sobrariam 70 toneladas de rejeito (tudo aquilo que ficava de fora, como a madeira) que deveriam ser enfardados, alinhados e empilhados. Por cima, grama para melhorar o aspecto do local.

Dentro deste raciocínio, não haveria necessidade de se construir um aterro sanitário para confinamento do lixo. Sendo assim, o item foi prontamente ignorado no projeto. Inexplicavelmente, a construção de uma vala séptica para confinamento dos resíduos de serviços de saúde (lixo hospitalar, de laboratórios, farmácias etc) também foi deixada de lado. A obra revelou-se obsoleta logo no início da operação, comandada pela prefeitura. A coleta em Cuiabá à época, de 280 toneladas diárias, já ultrapassava a capacidade da usina que acabava de ser inaugurada. – Propôs-se uma solução que pouco tinha a ver com realidade local. Esse é um equívoco muito grande na gestão do lixo neste país, relata Modesto. O sistema de enfardamento foi o primeiro a apresentar falhas. O tipo de arame usado para amarrar os fardos era difícil de ser encontrado no mercado e caro: a quantidade necessária para um mês custava R$ 14 mil. O restante também não funcionou direito. Com problemas na operação e no funcionamento das máquinas, a reciclagem caiu para menos da metade da capacidade prevista originalmente. Das cinco linhas de triagem, apenas duas estão funcionando.

Segundo informações da Secretaria de Serviços Urbanos, o adubo era produzido até dois anos atrás. Em pouca quantidade e com baixa qualidade, nunca chegou a ser vendido – era doado a pequenos produtores. Foi difícil adaptar os containeres para operar na realidade local, com clima e tipo de lixo diferentes da Alemanha. Além disso, o custo de manutenção das máquinas era alto. Com tantos problemas, o lixo começou a ser jogado a céu aberto. O que era para ser modelo de obediência às normas ambientais tornou-se um lixão. Para tentar resolver o problema, duas medidas foram tomadas. A primeira foi contratar uma empresa para operar a usina. A vencedora da licitação foi a Enterpa, que já fazia a coleta. Outro passo foi construir um aterro sanitário com 14 hectares. A base é revestida por uma manta de plástico (poliuretano) que impede o chorume (líquido poluente produzido pelo lixo) de se infiltrar no solo e chegar aos lençóis freáticos. Drenado, o líquido passa por canais e chega às lagoas de tratamento, onde fica até atingir condições adequadas para ser escoado para rios e córregos.

O sistema de aterro é verticalizado para aproveitar melhor a área e por mais tempo. Coloca-se uma camada de lixo de três metros de altura que é compactada (prensada) por máquinas de esteira. Depois, mais um metro de camada de terra e assim por diante, assemelhando-se a uma pirâmide. Também em caráter emergencial, foi construída uma vala séptica para confinamento do lixo hospitalar. Aí, outro problema. Metade dos resíduos de serviços de saúde é composta por material não infectante como plástico, comida e material administrativo. Com isso, acaba-se ocupando o espaço com dejetos que poderiam estar no aterro junto com o lixo residencial e comercial.

Cuiabá produz 400 toneladas ao dia
A situação do aterro e da usina se agrava na medida em que aumenta o lixo produzido em Cuiabá. Atualmente, a população da capital é responsável por uma média de 400 toneladas diárias. Na quarta-feira passada, por exemplo, foram coletadas 373,51 toneladas. Desse total, 324,23 foram direto para o aterro. Apenas 49 foram para a usina. A estimativa é que 6,5% (quase 32 toneladas) tenham sido recicladas. O restante também foi para o aterro, já que os containeres para compostagem (transformação da matéria orgânica em adubo) não funcionam. O secretário de Infra-estrutura e Serviços Urbanos, Andelson Gil do Amaral, aponta outras falhas no sistema. A compactação do lixo não estaria sendo feita de forma apropriada. O contrato com a empresa estabelece o uso de uma máquina específica, mas está sendo usado um trator de esteira mais leve, com menor capacidade para prensar o lixo. Um dos efeitos disso é que as camadas do aterro estão em desnível. Andelson anunciou que criará um grupo de estudo, composto por servidores, Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema) e UFMT para avaliar o que deu certo e o que não deu certo. Uma das preocupações é a criação de um projeto para construir um novo aterro. De acordo com o engenheiro sanitarista da secretaria, Frederico Pedro da Silva, o novo aterro terá que ter vida útil de no mínimo 20 anos. A área deverá ser calculada levando-se em conta que a produção de lixo cresce de 10% a 15% por ano. Outra medida será instituir de um projeto de coleta seletiva. O secretário descarta a possibilidade de se criar uma taxa para coleta de lixo, a exemplo do que ocorre em São Paulo. Para ele, o ideal seria que Cuiabá e Várzea Grande tivessem o mesmo aterro sanitário. (MAO)

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