Cada vez mais cloro para tratar a água em São Paulo
2005-01-18
Suscetível a uma diversidade de fontes de contaminação, os rios atravessados por grandes centros urbanos são cada vez mais alvo de tratamentos de despoluição intensivos, com a crescente aplicação de cloro para poder purificar a água. Em São Paulo, a bacia do Rio Capivari, que abastece quase 550 mil habitantes em 14 municípios, entre os quais Campinas, Jundiaí, Valinhos e Tietê, é um dos exemplos gritantes da crescente dificuldade de despoluição das águas, frente ao avanço de atividades poluidoras.
E não são apenas as indústrias. Apesar de haver cerca de 1,5 mil delas instaladas na região de influência do Capivari, menos de 50 têm expressivo potencial poluidor. Mas há impactos graves de outra natureza, como as plantações de tomate, uva, milho, morango e outros produtos agrícolas que demandam elevadas aplicações de nutrientes - fósforo, nitrogênio e potássio - sem falar nos agrotóxicos, que acabam sendo levados para o leito do rio.
350% mais cloro
Uma avaliação dos atuais problemas da bacia do Rio Capivari foi apresentado em novembro último pelo engenheiro Sinézio de Toledo, durante reunião do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (SP). Na avaliação, ele mostrou a destruição das matas ciliares, o comprometimento da qualidade das águas também por causa da passagem de caminhões carregados de combustíveis sobre as rodovias Anhangüera e Bandeirantes, as principais que estão na região de abrangência do rio e onde são constantes acidentes com vazamentos de substâncias tóxicas.
Mas a mais surpreendente informação trazida pelo engenheiro foi quanto à aplicação de cloro (Cl2) para a purtificação da água. Segundo ele, o uso desse elemento cresceu muito a partir de 1999/2000. Em 1995, eram empregados cerca de 8,5 miligramas por litro (mg/l) de cloro na purificação, valor que baixou para 6,5 mg/l em 1997, subiu para 13 mg/l em 1998, e caiu novamente para cerca de 12 mg/l em 1999. A partir de 2000, o uso de cloro subiu vertiginosamente, atingindo, em 2003, 29,5 mg/l. Isto mostra, como afirmou o engenheiro, que é extremamente difícil e mesmo inviável a potabilização da água por métodos tradicionais, frente ao grande número de agentes agressores e à intensidade dos mesmos.