Indústrias provocam mau-cheiro em Lajeado
2005-01-14
Quanto percebe que o dia ficará nublado, a aposentada Marina Rodrigues, 70 anos, fecha portas e janelas da sua casa, localizada no bairro Moinhos, em Lajeado. Ela teme um mau cheiro desconhecido que invade as ruas da cidade, nauseando os moradores. - Às vezes é tão forte que deixa a gente sem apetite. Parece carne apodrecida, diz a aposentada.
O odor também é percebido, com mais ou menos intensidade, no início da manhã e ao anoitecer. Apesar de ocorrer com maior freqüência no bairro onde Marina reside há quase 30 anos, o restante da cidade também é atingido.
Do outro lado de Lajeado, no bairro São Cristóvão, o mau cheiro também faz a professora Maria Estela Mittelstadt ficar trancafiada dentro de casa, mesmo em dias de forte calor. Certa manhã, quando o tempo se preparava para chover, ela chegou a deixar o café na mesa ao sentir o odor vindo da rua. - O mais desagradável é que ainda não sabemos de onde vem o problema , ressalta.
Para tentar encontrar respostas ao mau cheiro em Lajeado, a Promotoria de Justiça local, em parceria com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), fez um levantamento das fontes poluidoras da cidade no final do ano passado. Pequenas e grandes indústrias de alimento, abatedouros, curtumes, aviários e propriedades rurais estão na lista.
Quatro indústrias seriam responsáveis
Segundo o promotor Neidemar Fachinetto, responsável pelo caso, quatro indústrias seriam as principais poluidoras do ar em Lajeado. Uma delas, inclusive, já foi autuada pela Fepam para modernizar o sistema de tratamento de efluentes. Outras empresas serão vistoriadas por técnicos do órgão nos próximos dias. A intenção de Fachinetto é concluir no primeiro semestre a identificação dos pontos poluidores. A partir de julho, o promotor quer discutir com a Fepam e as indústrias alternativas tecnológicas para que o mau cheiro seja eliminado em Lajeado. (ZH 14/1)
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