Mulheres extrativistas denunciam problemas ambientais
2005-01-14
Em carta aberta aprovada por cerca de 300 trabalhadoras rurais no último encontro do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), ocorrido em São Luís, em dezembro passado, eles manifestam preocupação diante do alto índice de destruição de babaçuais no Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará nos últimos três anos. As mulheres também criticam a falta de políticas para o aproveitamento das florestas de babaçu na região.
- Sabemos que mais de 24 mil km² de florestas são devastados anualmente na Amazônia por empresas agropecuárias, para grandes plantações de dendê, por madeireiras, por usinas de ferro gusa e empreendimentos de mineração, por empresas de papel e celulose, com suas florestas homogêneas de eucalipto, e projetos de rodovias, violando a legislação ambiental e desorganizando a economia extrativista, diz o documento.
A carta de reivindicações, enviada à Presidência da República e representações políticas, cita ainda que a pecuária tem sido apontada em relatórios recentes do Banco Mundial como a principal atividade devastadora na região. Ela, apontada a carta, é responsável por cerca de 80% de toda área desmatada da Amazônia Legal.
O documento informa também que para impedir a derrubada das palmeiras e cumprir com as disposições das leis de preservação ambiental, as quebradeiras têm denunciado os infratores ao Ibama, mas não têm obtido sucesso. As trabalhadoras reclamam que o babaçu não mereceu por parte do governo e dos técnicos a devida atenção dentro do programa do biodiesel, embora a planta tenha a maior área de cobertura vegetal e envolve o maior número de agroextrativistas.
Além das denúncias, na carta as mulheres também relacionam uma série de direitos a que não estão tendo acesso e pedem mais rigor na fiscalização para o cumprimento da lei trabalhista que é praticamente inexistente na região. (Correio Braziliense 13/1)