SENADOR PROPÕE ENTENDIMENTO PARA OBRAS DO GASODUTO URUCU-PORTO VELHO
2001-08-28
O senador Moreira Mendes (PFL-RO) apresentou proposta para solucionar o impasse em relação ao início da construção do gasoduto Urucu (AM) - Porto Velho (RO). A sugestão é que o transporte do gás natural de Urucu seja feito, no estado do Amazonas, através de um sistema misto, com uma parcela do trajeto percorrida em gasoduto e o restante em barcaças. Já em Rondônia, ele defendeu que o transporte seja feito exclusivamente por gasoduto, por considerar a solução técnica ideal. Segundo o senador, os empresários do setor dos transportadores fluviais estão pressionando contra a liberação da licença ambiental para a realização das obras por terem interesse em continuar fazendo o transporte fluvial para as termelétricas do gás natural produzido em Urucu. Ao manifestar seu repúdio ao que chamou de lobby dos empreiteiros, donos de estaleiros e de barcas, o senador elogiou a decisão do Ministério do Meio Ambiente de criar uma Câmara Técnica Federal de Licenciamento, que delegará poderes ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) para criar um grupo de trabalho composto por secretários do Meio Ambiente de Rondônia e do Amazonas visando buscar o entendimento. Urucu é o maior produtor terrestre de petróleo do Brasil. Atualmente, 6 milhões de metros cúbicos de gás por dia vêm sendo relançados no interior da terra por falta de destinação. - O Tesouro Nacional perde mais de R$ 2,5 milhões por dia com a não utilização do gás natural da Amazônia, estimou Moreira Mendes. Com o gasoduto, parte desse gás poderá ser transportado para Porto Velho, possibilitando, segundo o senador, a substituição do óleo diesel nas usinas termelétricas, o crescimento da indústria local, a geração de milhares de empregos e uma redução na emissão de poluentes no ar amazônico. O gasoduto também poderá fornecer gás para Humaitá (AM). Moreira Mendes manifestou ainda sua surpresa ao ler na revista Época a divulgação de um ofício do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas no qual esse órgão estadual faz ameaças ao Ibama caso o órgão federal autorize o início da construção do gasoduto. - É inacreditável que no início do século XXI um ente da federação ainda pretenda relacionar-se com a União sob a base de ameaças, de chantagens, comentou o senador. Em aparte, o senador Tião Viana (PT-AC) também defendeu o entendimento para que o gasoduto possa ser construído e falou do seu estarrecimento ao saber das pressões feitas para a não liberação da licença ambiental necessária para o início da obra. - Espero que o bom senso prevaleça, que haja uma revisão desse procedimento e que o Ibama em nenhum momento abra mão do interesse regional ou nacional e nem se curve a qualquer tipo de chantagem, que a meu ver tem o interesse de algum lobby que não está muito explícito nesse debate, afirmou.