Lavouras transgênicas no Paraná são interditadas
2005-01-13
Uma equipe de fiscais da Secretaria da Agricultura (Seab) interditou duas lavouras de soja transgênica na cidade de Coronel Vivida, no Sudoeste do Paraná. Os técnicos desconfiam que os produtores tenham usado o herbicida glifosato para controlar ervas daninhas – substância que ainda não tem cadastro no Paraná para uso pós-emergente. Caso a aplicação do produto seja confirmada, os agricultores podem ser multados em até R$ 19 mil.
A primeira área interditada, de 30 alqueires, pertence ao agricultor Ari Comunello e estava na lista de dez propriedades visitadas pelos fiscais no município, dentro de um programa estadual de monitoramento que deve abranger 1.520 fazendas. Segundo o agrônomo Rudmar Luiz dos Santos, da Seab na região, essa lavoura transgênica já havia sido identificada na safra passada. A outra gleba, de 40 alqueires, em nome do produtor Ângelo Mezzamo, foi fiscalizada após uma denúncia anônima.
A interdição das áreas não impedirá que a soja transgênica seja colhida e comercializada, pois o plantio está amparado em uma medida provisória. A Seab, porém, pretende acompanhar o desenvolvimento das lavouras e, após a colheita, fará exames nos grãos para conferir se os resíduos de herbicida estão dentro dos limites. – Temos notícia de que o uso do glifosato está acima do recomendado em alguns locais, explica Santos.
Folhas das plantas foram recolhidas para que a aplicação de glifosato seja confirmada em laboratório. De acordo com o agrônomo na Seab, o indício mais forte do uso do herbicida está no estado das ervas daninhas nas lavouras.
O glifosato age sobre todos os tipos de ervas daninhas, o que torna as pulverizações mais eficientes. O segredo da soja transgênica é justamente resistir a esta substância e permitir seu uso. A empresa Monsanto obteve registro do produto junto ao Ministério da Agricultura e já entrou com pedido de cadastro no Paraná.
Para o assessor técnico da Federação da Agricultura do Paraná (Faep) Carlos Albuquerque, a ação da Seab é um contrasenso, já que uma MP libera o plantio da soja transgênica. – A lei permite o uso de uma tecnologia, e a aplicação do glifosato, permitida pelo Ministério da Agricultura, faz parte do pacote, diz Albuquerque. (Gazeta do Povo/PR 12/1)