Narcotraficantes demoraram, mas recorreram a OGM
2005-01-13
O herbicida usado na destruição das plantações de coca, conhecido pelo nome comercial de Roundup, tem como base a substância glifosato. Desde 1996, a Monsanto, a empresa norte-americana que desenvolveu e patenteou as sementes transgênicas, vende soja modificada exatamente para resistir ao glifosato. Ou seja, os produtores podem espalhar herbicida à vontade, matando todas as ervas daninhas e abrindo espaço para o desenvolvimento da soja. Existe a possibilidade assustadora de que a fumegação paga pelos norte-americanos esteja, na realidade, ajudando a melhorar a produtividade da coca.
–A tecnologia é conhecida, disse a VEJA o cientista Ian Heap, do Instituto Internacional de Pesquisa de Plantas Resistentes a Herbicidas, nos Estados Unidos. –O que surpreende, na realidade, é que os narcotraficantes tenham demorado a recorrer aos organismos geneticamente modificados (OGM).
A modificação genética seria uma explicação razoável para o paradoxo colombiano. Estima-se que a campanha antidrogas tenha destruído 92% das plantações do estado de Putumayo, o principal produtor de folha de coca do país. Ainda assim, a Colômbia se manteve firme no posto de maior fornecedor mundial de cocaína, com 600 toneladas por ano e faturamento anual estimado em mais de US$ 1 bilhão. A prova de que o abastecimento colombiano continua intocado é o preço da cocaína, que não subiu. Ao contrário. Nos Estados Unidos, onde mais se consome a droga, o grama é vendido em média por US$ 53 – uma queda de 31% em relação a 2000. (Veja 12/1)