Quando a torneira secará
2005-01-13
Em duas décadas, cerca de 2,8 bilhões de pessoas viverão em países sem água suficiente para todos. A humanidade usa a água doce como se fosse um recurso infinito. Escasso em algumas regiões, mas abundante no planeta azul. Essa ilusão de disponibilidade interminável vem sendo quebrada nas últimas décadas. Grandes rios, como o Amu Darya, que corta a Ásia Central; o Amarelo, da China; o Colorado, nos Estados Unidos; e o Rio Grande, no México, já ficam secos durante boa parte do ano.
As regiões alagadas do mundo, como o pantanal americano dos Everglades, perderam metade de sua área. E os depósitos subterrâneos de água estão secando em todos os continentes. Será que vai faltar água? Cada vez mais especialistas apostam que sim.
A pesquisadora Sandra Postel, do Worldwatch Institute, afirma que o mundo demorou muito para começar a pensar no aproveitamento correto da água doce. –Só agora, com grandes desastres ambientais causados pelo mau uso, é que a humanidade está começando a se preocupar com o assunto, afirma.
As previsões são pessimistas. Dentro de 20 anos, segundo o Programa das Nações Unidas para a Proteção Ambiental (Unep), 48 países deverão enfrentar escassez ou falta extrema de água, o que afetará uma população de 2,8 bilhões de pessoas. Esse número poderá subir para 4 bilhões em 2050, se nada for feito.
Países como Etiópia, Índia, Quênia, Nigéria e Peru já têm escassez em algumas de suas regiões. Em cinco décadas, vai faltar água para abastecer toda a população. Países grandes como a China e os EUA também terão problemas para irrigar seus cultivos em algumas regiões. (Época 10/1)