Estudo de organização ambiental vincula desmatamento à expansão da soja no país
2005-01-12
O Instituto Sócio-Ambiental (ISA) e Fórum Brasileiro de ONGs produziram um estudo para demonstrar a relação entre a expansão da área cultivada de soja e o desmatamento de florestas virgens, principalmente na região do médio e norte do Mato Grosso. A pesquisa foi elaborada depois de uma reunião com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que, na época, pedia a comprovação desta tese dos ambientalistas. O trabalho se baseia numa coleta de dados sobre os 65 maiores desmatamentos de 2003 no Mato Grosso. Todos eles acima de 1.300 hectares. A partir desses focos, o grupo organizou sobrevôos para fotografar e filmar 21 dos principais pontos desmatados. - Identificamos que desmatamentos de 2002, 2003 e até de 2004 já estão plantados com soja, o que mostra uma relação direta entre a soja e a motivação do desmatamento - diz André Lima, advogado do ISA e um dos autores do estudo.
A área mato-grossense estudada abrange mais de 25 municípios do médio e norte do estado, incluindo, por exemplo, Sinope e Sorriso. Segundo o estudo, a soja também tem uma relação indireta com o desmatamento, ao substituir áreas que antes estavam com a pecuária. Com isso, a soja passa a empurrar a criação de gado para as fronteiras agrícolas, aumentando ainda mais a devastação de áreas virgens. Nesta semana, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) divulgou um documento sobre o crescimento da agricultura e a explosão das áreas cultivadas pela soja no país. Na pesquisa, o Ipea não vincula o desmatamento ao crescimento da soja. - O nosso trabalho não se trata de um contraponto às hipóteses levantadas pelo Ipea, mas visa a abrir uma agenda de discussões e trabalho com o Ministério da Agricultura para desenhar estratégias de ordenação e orientação da consolidação e expansão da fronteira agrícola, principalmente na Amazônia - diz o advogado do ISA. (EcoAgência)