Um dos mais importantes santuários ecológicos do Estado está ameaçado. A laguna que empresta o nome ao Parque Nacional da Lagoa do Peixe secou 70%. Parte das aves migratórias que utilizam o local como ponto de alimentação e descanso precisarão procurar outras áreas. Apenas 30% dos 40 quilômetros da laguna resistem. Neles, o nível da água está abaixo dos 60 centímetros médios. Em locais onde se costumava ter água pela cintura, hoje os pesquisadores do Ibama transitam de carro.

- O sistema está em estresse hídrico, e o parque pode entrar em colapso, alerta a responsável pela unidade de conservação, Maria Teresa Queiroz Mello. A situação está causando a mortandade de peixes e de crustáceos. Mamíferos que sobrevivem em áreas alagadas precisam procurar novos pontos de alimentação. Segundo o oceanólogo Antônio Matos, que trabalha no parque, o quadro se estende desde o último verão, quando a estiagem secou 80% da lagoa. Nas adjacências, há matas de pinus que, conforme Matos, contribuem para sugar a água.

- Dá vontade de chorar, diz o pescador Daniel Costa da Rosa, 28 anos, que há 10 tira o sustento da lagoa, ao percorrer de moto a área onde antes a água ia até os joelhos. A lagoa é fonte de subsistência para 175 famílias de pescadores. Segundo Daniel, onde normalmente era possível tirar entre quatro e cinco toneladas de camarão por temporada, hoje não dá nem para montar a rede para a captura porque não há profundidade suficiente. (ZH 8/1)