ONG ganha prêmio ambiental Von Martius
2005-01-10
Depois de uma vida inteira acostumado a comer feijão, arroz e carne frita, em dias de fartura, a família do agricultor Jurandi Anunciação de Oliveira, 28, se deu conta de que era possível, sim, introduzir novas culturas mesmo em uma região marcada pela escassez de água. Com a utilização de novas técnicas de plantio, sem uso de fertilizantes e agrotóxicos, Jurandi e sua família variaram o cardápio doméstico, a exemplo do cortadinho de palma, do maxixe e da galinha caipira que chegam à mesa com mais regularidade.
Não foi preciso passe de mágica, nem reza. Os resultados se devem ao projeto Policultura do Semi-Árido - Sistemas Agroflorestais da Caatinga, da ONG ambientalista Instituto de Permacultura da Bahia.O projeto foi premiado com a terceira colocação no Prêmio Ambiental Von Martius, ano 2004, promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Alemanha e auditado pela PriceWaterhouseCoopers, que recebeu este ano 122 projetos de 14 estados brasileiros. Desenvolvido desde 1999, o projeto atinge atualmente cerca de 500 agricultores familiares dos municípios de Cafarnaum, região de Irecê, Umburanas e Ourolândia, região de Jacobina. Em 2004, o orçamento de R$300 mil resultou da participação de parceiros como os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, de empresas privadas, como a Bom Brasil Óleo de Mamona, entre outros.
- A gente não esperava que o projeto crescesse tanto, em tão pouco tempo, comentou a coordenadora do Policultura, Cinara del Arco Sanches. Ela se refere ao convênio assinado com a Secretaria de Combate à Pobreza e Desigualdades Sociais (Secomp), que vai permitir que três mil famílias sejam atendidas no prazo de três anos. A tecnologia utilizada será repassada para a Adra - Agência Adventista de Desenvolvimento, que, por sua vez, deverá capacitar mais 1,5 mil famílias nos municípios de Uauá, Riacho de Santana, São Miguel das Matas e Bom Jesus da Lapa, entre 2005 e 2008. Serão injetados mais R$3,5 milhões, recursos repassados pela Secomp, Bom Brasil Óleo de Mamona e Fundo Nacional do Meio Ambiente. (Correio da Bahia 7/01)