Seca agrava situação em aldeias
2005-01-10
A estiagem está agravando o problema já histórico de abastecimento de água potável dos índios da Reserva da Guarita. A área fica situada nos municípios de Tenente Portela e de Redentora, na região Celeiro. Cerca de 300 famílias de caingangues das aldeias de Três Soitas, Pedra Lisa e Estiva estão consumindo o produto de fontes superficiais. A água para consumo humano vem sendo retirada desses locais, que não contam com proteção e também atendem aos animais.
O cacique Valdonês Joaquim disse que dificuldades semelhantes são verificadas também em outras aldeias. Ele explicou que sete dos 11 poços artesianos abertos nos últimos anos foram ativados, mas, mesmo assim, muitas famílias de Estiva, Irapoá, Bananeira, Pau Escrito, Km 10 e Missão não recebem água de qualidade. Joaquim estima que, no total, 30% dos 5,5 mil índios da reserva enfrentam problemas de abastecimento, situação agravada com a estiagem. O cacique afirmou também que a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) - está demorando muito para ligar os poços nas aldeias de Três Soitas, Pedra Lisa e Estiva -. Com isso, a comunidade indígena teme ficar doente se continuar consumindo o produto. Além de ativação dos três poços, Joaquim reivindica a ampliação das redes dos outros sistemas de captação e distribuição já em funcionamento. O líder indígena acredita que 60 fontes superficiais com água de péssima qualidade são usadas para consumo doméstico e das pequenas propriedades caingangues. - Isso significa que podem ocorrer problemas de saúde, atingindo parte das 3 mil crianças que vivem na reserva - alerta.
O cacique Valdonês Joaquim, de 24 anos, foi eleito para o cargo no dia 18 de dezembro de 2004, em um pleito que teve a participação de sete candidatos. Ele pretende atuar com mais intensidade nas áreas de saúde, agricultura, educação e artesanato. Um dos seus objetivos é garantir a ampliação da oferta de medicamentos por meio do SUS e a instalação de pequenos postos de saúde em aldeias desprovidas de infra-estrutura, para atender melhor à comunidade indígena. Além disso, Joaquim quer o aumento da produção de milho, soja, mandioca e feijão nos 12 mil hectares da reserva em condições de serem cultivados. (CP, 9/1, 16)