Pressão por bloqueio de hidrelétrica no Brasil repercute no Exterior
2005-01-10
O caso da Usina de Barra Grande, cujo licenciamento ambiental foi embargado pela Justiça brasileira, já repercute no Exterior. Segundo reportagem da BBC de Londres, grupos de ambientalistas esperam poder utilizar o sistema legal brasileiro para prevenir a destruição da altamente ameaçada área remanescente da Mata Atlântica, que está sob risco devido a um projeto de hidrelétrica.
A Usina de Barra Grande, empreendimento de US$ 300 milhões, está construída, mas a Justiça bloqueou o desflorestamento de mais de 40 quilômetros quadrados de pinus de araucária, floresta nativa da região Sul do Brasil que precisará ser alagada antes do fechamento dos portões do reservatório da usina.
A controvérsia, segundo a matéria da BBC, está centrada em uma pequena cidade do Estado sulino de Santa Catarina, Anita Garibaldi, assim denominado por ser o nome da esposa de um famoso italiano revolucionário que, em 1830, liderou uma rebelião pela independência do Sul do Brasil a partir do Império, rebelião esta que acabou malsucedida. Mas a batalha pela usina, um consórcio liderado pela gigante do alumínio Alcoa, está sendo repudiado por conservacionistas e ativistas representantes de famílias que terão suas terras agriculturáveis alagadas pelo empreendimento.
A represa, com altura de 180 metros, fica no Rio Pelotas, entre os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, numa extensão de cem metros. Quando o Estudo de Impacto Ambiental foi feito para o empreendimento, há seis anos, a área foi descrita pelo consórcio como sendo principalmente degradada. Somente depois que a licença ambiental foi dada e que a hidrelétrica foi finalizada percebeu-se a ameaça ambiental emergente.
Um estudo posterior descobriu que mais de 20 quilômetros quadrados de florestas virgens seriam submersas em razão da obra. Neste conjunto estão araucárias, que atualmente dão espaço, também, a plantações de soja. Segundo especialistas, apenas 1% da floresta de araucária original é remanescente no Brasil. O consórcio Baesa é considerado responsável pelo erro no Estudo de Impacto Ambiental do projeto da usina. (BBC, 8/1)