Geração eólica brasileira receberá pelo menos R$ 4,7 bilhões até 2006
2005-01-10
Até o final de 2006, cerca de 20 empresas deverão aplicar R$ 4,78 bilhões em novas usinas de energia eólica, selecionadas pelo Programa Nacional de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa). Ao todo, nos próximos dois anos, serão instalados no país 1.100 megawatts (MW) em empreendimentos eólicos do Proinfa.
Etapa de prospecção
No Rio Grande do Sul, a empresa Enerfin do Brasil, em parceria com a CIP Brasil, já anunciou a construção de mais 150 MW de capacidade instalada para o estado com a implantação de três usinas eólicas, que produzirão 50 MW cada um. O parque - a ser instalado no município de Osório, litoral Norte do estado - será o maior do país para este tipo de fonte. O investimento previsto no empreendimento é de aproximadamente US$ 230 milhões.
A Enerfin do Brasil é uma empresa controlada pelo grupo espanhol Elecnor, que já participa como sócio e operador de 1,5 mil MW em parques eólicos na Europa. Ainda no Rio Grande do Sul, a Elebrás e a empresa alemã Innovent planejam investir outros US$ 91 milhões numa usina eólica de 70 MW, em Tramandaré. Atualmente, as empresas estão na etapa de prospecção do solo, implantação das torres e negociação de possíveis parceiros e financiamentos. A Elebrás atua há 12 anos com geração de energia alternativa - eólica e solar - para sítios e residências, mas essa será a maior usina que já construiu.
Momento oportuno
No Rio Grande do Norte, a Enerbrasil, subsidiária da Iberdrola, informou que vai instalar uma usina de 49,3 MW, enquanto a New Energy Options foi selecionada pelo Proinfa para construir um parque de 64,5 MW no estado. Segundo o coordenador de desenvolvimento energético do Rio Grande do Norte, Ronaldo Cruz, os dois empreendimentos, somados a uma nova termelétrica de 340 MW, permitirão gerar energia suficiente para atender a toda a demanda do estado. - Se não fosse o Proinfa, seria inviável a criação desses parques, afirma Cruz.
Segundo o vice-presidente da Associação Mundial de Energia Eólica, Everaldo Alencar Feitosa, o mercado de geração de energia a partir dos ventos cresce 35% ao ano em todo o mundo. - O Proinfa é apenas a primeira semente para o desenvolvimento dessa fonte no Brasil, afirma. Pelos cálculos da associação mundial, até 2020 serão instalados 20 mil MW em parques eólicos em diferentes países. - O Brasil deve aproveitar este momento para desenvolver tecnologias para essas usinas, fabricar equipamentos e depois exportar, completa.
Feitosa lembra que já existem no país duas fábricas de componentes para parques eólicos - a GE Wind e a Wobben Power - mas ressalta que outras companhias estão chegando ao mercado nacional. Um dos motivos para nacionalização dos equipamentos é a regulamentação do Proinfa, que exige que 60% das peças utilizadas nas instalações das usinas sejam fabricadas no Brasil. A Wobben chegou a anunciar no ano passado a instalação de uma indústria de pré-moldados para construção de torres de geração também em Osório, no Rio Grande do Sul.