Usinas do Paraná vão melhorar os canaviais com biotecnologia
2005-01-06
Duas empresas paranaenses do setor sucroalcooleiro decidiram investir na contratação de um serviço terceirizado de melhoramento genético de seus canaviais. A partir deste mês, a seleção das variedades que serão plantadas pela maringaense Usaçúcar e pela Destilaria Melhoramentos, de Jussara, será feita pela Cana Vialis, uma companhia com pouco mais de um ano e meio de existência e que promete oferecer soluções para aumentar a produtividade no cultivo da cana.
Os contratos com as usinas paranaenses foram os dois primeiros fechados pela Cana Vialis e servem como estímulo para as poucas companhias privadas brasileiras que se arriscaram a entrar no mercado de desenvolvimento tecnológico. O papel de criar novas técnicas e variedades de plantas, por enquanto, concentra-se em instituições de ensino e pesquisa públicas, como a Embrapa. A Cana Vialis foi fundada em Campinas por dois pesquisadores paulistas e foi financiada pela Votorantim Novos Negócios – que direcionou R$ 25 milhões para o projeto e tem investido em outras iniciativas do gênero.
O pacote vendido pela Cana Vialis às duas usinas paranaenses ainda não envolve as variedades criadas pela empresa. Pelo contrato, serão fornecidas mudas biofabricadas, ou seja, feitas em laboratório. – Ajudamos na escolha dos melhores tipos de cana para o cliente e reproduzimos plantas sadias para serem replantadas no campo, conta Hideto Arizono, diretor da Cana Vialis. – A partir de 2007, as variedades que nós estamos criando também farão parte das opções que vamos oferecer.
Para as usinas, o plantio de mudas limpas é a garantia de que os canaviais ficarão livres de doenças que podem reduzir a produtividade. Uma das pestes evitadas pela Cana Vialis é o raquitismo da soqueira, que é provocado por uma bactéria e se manifesta após o segundo corte. O problema faz com que a produção caia entre 5% e 30% e não é percebido facilmente, pois a planta não apresenta sintomas. A empresa de Campinas usa técnicas de DNA para detectar o agente que causa a doença. As mudas sadias são isoladas e multiplicadas.
O canavial também ganha produtividade na simples seleção das melhores variedades. – Avaliamos o tipo de solo, clima, o período do ano em que a usina quer colher e depois escolhemos alguns tipos de cana. Hoje no Paraná são usadas, em média, oito variedades por propriedade. A tendência é que passem a ser de 12 a 16 em dez anos, prevê Arizono. – Elas ocuparão uma área menor e o manejo será mais complexo, acrescenta. O especialista explica que a cada ano 16% dos canaviais são renovados – em seis anos, portanto, se completa o ciclo de replantio da espécie. (Gazeta do Povo/PR 4/01)