Estiagem estende prejuízos no Estado
2005-01-05
A estiagem que atinge o Rio Grande do Sul pode se revelar ainda pior do que aquela vivida na última safra. No norte do Estado, onde as lavouras de milho vêm sendo consumidas pela falta de chuva, pelo menos 23 municípios já decretaram situação de emergência, segundo a Defesa Civil. Aratiba foi o segundo município a decretar emergência, em 27 de dezembro. Segundo o prefeito Gilberto Hendges, 70% da safra de milho está perdida, e do pouco de soja e feijão plantado, nada sobrou. A prefeitura está organizando o sistema troca-troca de sementes para o plantio da safrinha, única chance de recuperar pelo menos parte dos prejuízos.
Em Jacutinga, o prefeito Dejanir Salcher estima em até 80% a perda da safra de milho. E lembra que o agricultor já vinha em dificuldades desde a safra passada de soja, quando houve quebra e mais tarde o preço despencou, além de amargar prejuízos no cultivo do trigo - cujo preço mínimo é R$ 24 a saca, mas vem sendo vendido a R$ 17. Salcher decretou situação de emergência segunda-feira, em seu primeiro dia de mandato. A prefeitura de Jacuntinga estuda formas de incentivar a produção de leite e de frutas, subsidiando os custos dos produtores.
O plantio da safrinha do milho é recomendado até o dia 20. No caso da soja, o período ideal já se encerrou - era até 20 de dezembro, segundo o presidente da Cooperativa Agrícola Mista Urtiguense, de São João da Urtiga, Daniel Brezolin. Na região de abrangência da cooperativa dos 5 mil hectares de milho, 60% foram perdidos. - Esta é muito pior do que a estiagem do começo do ano porque aquela não pegou o milho, só a soja. Agora, prejudica os dois - disse.
Dos 3 mil hectares de soja, pelo menos 30% morreu, segundo Brezolin. Em Paulo Bento, as perdas na lavoura de soja superam 50%. Segundo o secretário de Agricultura, Lindomar Scanagata, a estiagem já comprometeu mais de 80% da lavoura de milho e de 70% a de feijão. (ZH, 27)