Especialistas descartam novos apagões
2005-01-04
A falha no abastecimento de energia ocorrida no dia 1º de janeiro suscitou reuniões de emergência e despertou velhos temores nos brasileiros, traumatizados com a crise de 2001. Autoridades, especialistas e grandes consumidores, porém, asseguram que o apagão é episódico e não representa maiores problemas para o sistema.
Falhas técnicas e humanas provocaram o desligamento, disse ontem (3/01) José Pedro Rodrigues de Oliveira, presidente de Furnas, empresa geradora subsidiária da Eletrobrás. Depois de reunir o Comitê de Monitoramento de Energia Elétrica, a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, reiterou que o caso é isolado.
- Não foi falta de energia ou falta de robustez no sistema - afirmou Dilma.
Eduardo Spalding, vice-presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), considera o apagão como resultado de uma falha claramente técnica:
- Não é algo que se assemelhe ao que levou ao racionamento, como provou o recente leilão, que mostrou excesso de energia não-contratada. Mesmo que a taxa de crescimento se mantenha, avaliou Spalding, as atuais usinas geradoras devem garantir a quantidade de energia necessária até 2007 ou 2008.
- Só precisamos monitorar o resultado do leilão de energia nova, previsto para março, que vai apontar se teremos a quantidade necessária a partir de 2009 - adverte Spalding.
Outra avaliação que se impõe depois da falha no abastecimento, disse Spalding, refere-se a gargalos no transporte de energia. Embora tenha havido considerável avanço dos investimentos em linhas com tensão acima de 230 quilovolts (kV), há uma categoria conhecida no setor como demais instalações de transmissão que exige atenção.
- Aí realmente podem existir situações de gargalos localizados. Não chega a ser um problema sistêmico, mas deve ser acompanhado - afirmou Spalding. (ZH, 15)