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2005-01-04
Todo o lixo hospitalar gerado em Mato Grosso vai para aterros ou lixões sem passar por tratamento. A situação, que contraria as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é comum a outros 14 Estados brasileiros. A informação consta no Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil 2004, elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Todos os dias, laboratórios, hospitais e farmácias geram 14,9 toneladas de resíduos de serviços de saúde em todo o Estado. A falta de tratamento alimenta um problema que cresce a cada dia: a falta de espaço. Além disso, o fato também pode contribuir para a contaminação de lençóis freáticos. Para o secretário geral da Abrelpe, Walter Capello Júnior, o problema está longe de ser resolvido. – Nem sempre as prefeituras têm verbas e interesse em contratar esses serviços especiais, afirma.

É caro gerir o lixo hospitalar. A coleta de uma tonelada varia de R$ 350 a R$ 700 enquanto a mesma quantidade de lixo convencional fica em R$ 64. O tratamento mais recomendado é a incineração, que consegue reduzir a massa em até 80% e diminui o potencial infectante do resíduo. Este tipo de processamento pode chegar a custar mil reais a tonelada. Existem outras formas de tratar o lixo: a autoclave (altas temperaturas e forte pressão) e microondas. Outro problema é a falta de estrutura. Para tratar o lixo, é necessário haver uma usina só para incineração e outra para tratar as emissões de gases decorrentes da queima. Em Cuiabá, os resíduos de serviços de saúde são colocados em valas impermeabilizadas por mantas de poliuretano (um tipo de plástico). O procedimento não é recomendado mas ainda é tolerado.

Poucas cidades têm se atentado para isso. No Brasil, apenas 28% do lixo hospitalar é tratado. O problema chega ao limite quando começa a faltar espaço para acondicionar tanto lixo, inclusive aquele produzido nas casas e no comércio. – Em São Paulo (capital), são produzidas 12 mil toneladas por dia. Não tem mais onde colocar esse lixo. A saída é incinerar, afirma o engenheiro sanitarista Paulo Modesto Filho. Uma das alternativas é a coleta seletiva, que facilita o processo de tratamento. Em Mato Grosso, apenas Primavera do Leste adota o serviço. Em todo o país, são somente 237 cidades. Apesar de ainda ser pouco, tem aumentado o número de municípios onde o lixo é separado pelos próprios moradores. Em 2002, eram 192 no Brasil.

Mas sob outro ponto de vista, a evolução dos números pode representar o acompanhamento do crescimento das cidades. – A geração de resíduos é ligada à economia local, afirma o secretário-geral da Abrelpe. Na região Centro-Oeste, atualmente são coletadas 9.556 toneladas de lixo por dia - um crescimento de 3,6% em relação a 2003. – O que se percebe pelo panorama é que está aumentando o número de municípios que estão universalizando o serviço de coleta. Mas não aumentou a população atendida, acrescenta. (Diário de Cuiabá 3/01)

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