Possibilidade de tsunamis no RS é remota
2005-01-03
O fato de Rio Grande ser uma cidade cercada por águas e a ocorrência do maremoto devastador na Ásia, com ondas gigantes (tsunamis) trouxe questionamentos sobre a possibilidade de o mesmo fenômeno acontecer na praia do Cassino e em outros áreas da cidade. Até porque há relatos de ocorrência de vagalhões na praia do Cassino em março de 1977 e em outras ocasiões. No entanto, conforme o professor Lauro Calliari, do Departamento Geo-Ciências da Furg, a possibilidade de ocorrência em Rio Grande e no Brasil de tsunamis como o que aconteceu na Ásia é extremamente remota. Ele explica que o vagalhão registrado no Cassino em 1977, que se espraiou por aproximadamente 300 metros da beira da praia, causando a morte de uma pessoa e atingindo vários veículos, deve ter sido gerado por um fenômeno meteorológico. Já o ocorrido na Ásia é causado pela movimentação de placas tectônicas associadas a limites convergentes, que se chocam. Segundo Calliari, a costa brasileira está no meio da placa sul-americana, cujo limite leste com a placa africana é divergente. E, assim, as placas se afastam com movimentos horizontais, separando o Brasil da África dois centímetros por ano.
- Não existe grande possibilidade de terremotos de alta magnitude e grandes movimentos verticais, que são responsáveis pela geração das ondas gigantes. Por isso a possibilidade de este fenômeno acontecer na costa brasileira é remota - observou o professor. Calliari e os professores Eloi Melo Filho, Davide Franco e João C. S. Strauch publicaram um artigo sobre os Indícios da ocorrência de um tsunami meteorológico na praia do Cassino, no Simpósio de Engenharia Oceânica realizado este ano na Furg.
No artigo, esses professores analisam as informações existentes sobre o vagalhão ocorrido em 1977 e observam que, de acordo com moradores, episódios semelhantes já ocorreram em outras ocasiões. Isso, segundo eles, indica que o tsunami meteorológico é um fenômeno raro, mas recorrente na praia do Cassino. Porém, sugerem estudos complementares que envolvam medições oceanográficas e atmosféricas simultâneas para obter confirmação da hipótese meteorológica, a exemplo do que foi feito na Espanha, onde já ficou confirmada a ocorrência desse fenômeno. (Jornal Agora, 30/12)