Menina de 7 anos toma anti-inflamatório da Johnson & Johnson e fica cega
2004-12-30
A família da garota Sabrina Brierton, sete anos, entrou com uma ação nesta terça-feira em Los Angeles contra o grupo farmacêutico Johnson & Johnson, acusando-o de não ter avisado sobre a gravidade das possíveis reações alérgicas do antiinflamatório Children s Motrin.
Os pais deram à menina a dose recomendada do remédio quando ela chegou em casa reclamando de dor de cabeça. Na época, ela tinha seis anos e houve uma reação alérgica conhecida como síndrome Stevens-Johnson, de acordo com o processo.
Os demandantes acusam a Johnson & Johnson de saber dos efeitos colaterais desastrosos do Children s Motrin, mas não ter avisado os consumidores. ? A Johnson & Johnson foi negligente ao decidir não falar ao público que a síndrome Stevens-Johnson Syndrome era um dos efeitos colaterais possíveis do Children s Motrin, afirmou o pai de Sabrina, Kenneth Johnson. ? Não há um dia em que eu e Joan não digamos para nós mesmos: se soubéssemos, se nós tivéssemos sido avisados, afirmou. ? Esperamos que este processo coloque fim a esta indiferença, disse. A Johnson & Johnson não pôde ser contatada imediatamente.
230 operações
A síndrome Stevens-Johnson é uma reação alérgica do sistema imunológico rara, mas violenta, que causa febre e produz bolhas, que podem afetar a córnea e outras áreas dos olhos.
Sabrina, que mora em Los Angeles, disse que tomou o remédio no dia 8 de setembro de 2003 e no dia seguinte foi levada correndo para a U.T.I de um hospital, com febre alta e erupções graves. Seus olhos foram tão seriamente afetados que tiveram ser abertos por um oftamologista, causando sofrimento insuportável, de acordo com os autos do processo. No dia 10 de setembro, dois dias após tomar Children s Motrin para uma dor de cabeça, Sabrina estava completamente cega. Mais de um ano depois e apesar de 230 operações, Sabrina ainda não consegue abrir os olhos e sofre com uma série de problemas, inclusive fotosensibilidade.
Remédio popular
? Em nome das crianças em todo o mundo, nossa família quer que Children s Motrin seja tirado do mercado até que haja um aviso sobre o risco da síndrome Stevens-Johnson, com descrição dos seus sintomas, afirmou Joan Brierton. ? Se houve avisos apropriados no Children s Motrin que demos a Sabrina, nós teríamos sabido onde procurar e teríamos parado de dar o remédio, chamaríamos um médico, acrescentou. Este pedido para que se tire um remédio popular das prateleiras vem se somar a uma onda de preocupação nos Estados Unidos em relação aos medicamentos. Na semana passada, a agência reguladora de alimentos e remédios, a FDA (Food and Drug Administration), pediu limitações ao uso dos analgésicos Celebrex e Bextra, alertando os médicos de que a medicação está associada a sérios riscos de problemas cardíacos. A FDA recomendou o uso limitado de inibidores Cox-2, dos quais Celebrex e Bextra, ambos da Pfizer, são os últimos representantes. O Vioxx, feito pela Merck, foi retirado do mercado em setembro pelos mesmos motivos.(AFP 29/12)