Empresas de energia não apostam em fontes alternativas, diz WWF
2004-12-30
A World Wide Fund (WWF) analisou a atuação de grande parte das empresas energéticas que mais contribuem para o aquecimento global do planeta e deu a dois terços delas uma nota numa escala com um máximo de dez. A portuguesa EDP recebeu apenas 0,7. A empresa portuguesa fica em 35º lugar entre as 72 analisadas no documento e num dos últimos lugares entre as européias. O estudo revela que a EDP está em 12º lugar no que toca ao volume total de energia fornecida em 2003, entre 21 congêneres européias. Entre o mesmo grupo de empresas, a EDP é a quarta que mais recorre ao carvão - quase 60% do total.
Ainda assim a empresa portuguesa sobe um lugar no grupo das empresas européias no que toca ao uso de energia renovável e gás natural, sendo a quinta no que toca ao volume de energia produzida por gás natural. A produção energética da EDP é em mais de metade (57%) proveniente de carvão, 28% hidroeléctrica, 3% de gás natural e 2% nuclear, nota o estudo. O documento considera não ser possível avaliar totalmente as tendências de investimento da EDP, bem como de uma fatia significativa das empresas, que não responderam a um questionário enviado pela WWF.
Ainda assim, a organização incluiu a empresa portuguesa no grupo de apenas três firmas, entre as 21, que não têm qualquer objectivo ou plano para energia renovável. Divulgado para coincidir com uma nova campanha da organização - intitulada PowerSwtich e que pretende contribuir para reformular o sector energético mundial -, o relatório dá conta de um cenário negro, com mais de 90% das empresas analisadas a receberem menos de três valores. O estudo analisa 72 empresas, que produzem dois terços da energia dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) mais a Rússia, estabelecendo um ranking entre elas com base no uso, venda e investimento que fazem em sistemas de energia renovável e gás natural.
Entre as firmas americanas, quase um quarto (24%) mereceu zero valores, tendo as restantes registado menos de um valor. O retrato é ligeiramente melhor na Europa, já que nenhuma das empresas teve zero valores. A espanhola Iberdrola conseguiu a melhor classificação, com 4,3 pontos. No entanto, apenas um quinto das empresas européias tinha uma parcela de energia renovável superior a 2% na sua produção total.
A nova campanha, lançada no início do mês em vários países, pretende fomentar o interesse de governos e do sector privado na utilização de energias renováveis e alternativas, o que a WWF considera essencial para combater o aquecimento do planeta. Jennifer Morgan, diretora do programa climatérico da WWF, relembra que mais de 37% dos gases com efeito de estufa são produzidos pelo sector energético mundial e que a maioria das empresas está pouco preparada para a mudança necessária em prol de energia segura, limpa e eficiente. — Se continuarem a poluir a nossa atmosfera queimando carvão, a oportunidade de evitar uma crise de aquecimento mundial perder-se-á rapidamente, sustentou Morgan.