Falta de alarme pode ter feito o desastre do sismo asiático ainda maior
2004-12-29
Cientistas acreditam que faltou um alarme para possibilitar a evacuação da população antes da ocorrência do sismo e das ondas gigantes
(tsunamis) em diversos países asiáticos. Segundo eles, se o abalo tivesse ocorrido no Oceano Pacífico, uma rede de estações de
monitoramento teria permitido aos pesquisadores produzir alarmes específicos para as áreas costeiras. Tais alarmes teriam salvo milhares
de vidas. Haveria duas horas de folga entre o terremoto e a chegada das ondas gigantes nas costas da Índia e do Sri Lanka, tempo suficiente para
que milhares de pessoas evacuassem desses locais. Porém, não há monitoramento deste tipo no Oceano Índico. -Provavelmente, a razão
básica é que os perigosos tsunamis são extremamente raros no Oceano Índico, logo, é provável que não tenham sido percebidos como um grande
perigo pelos governos da região, disse Harold Mofjeld, cientista do Laboratório Ambiental Marinho do Pacífico em Seattle, instituição que
integra a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, a NOAA. A falta de alerta tem sido apontada por alguns sobreviventes como a maior acusação em relação ao desastre. -Por que as pessoas que monitoram essas coisas no Oceano Índico não advertiram que os tsunamis estavam para nos
atingir?, questionou Nirj Deva, membro britânico do Parlamento Europeu que estava no Sri Lanka quando a tragédia foi registrada. -Ninguém foi
advertido. Todas essas pessoas morreram desnecessariamente, disse ele, em entrevista à BBC.
NOAA alertou Indonésia e Austrália
Embora nações asiáticas tenham instrumentos para informar a especialistas sobre a ocorrência de um intenso terremoto, não havia
condições de prever a ocorrência de tsunamis, pois mesmo intensos terremotos nem sempre geram ondas gigantes. Sem equipamento de
monitoramento na água, os cientistas não poderiam prever com certeza a ocorrência de tsunamis, e nações à beira do Oceano Índico ressentiram-se
da falta de dados detalhados a respeito de uma tal previsão. Conforme o executivo da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, a NOAA
norte-americana, Conrad C. Lautenbacher Jr., os países ao longo do Oceano Índico simplesmente escolheram não gastar dinheiro com tal
sistema. E isto, de acordo com ele, é uma bobagem, pois não se trata de um sistema totalmente caro. Na cidade de Ewa Beach, no Havaí, onde o
Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico está localizado, houve um registro, à hora local de 14h58min, no dia do Natal, sobre um massivo
terremoto, através de instrumentos sísmicos. Em uma hora, a NOAA espalhou alerta a todas as nações que fazem parte do sistema de alerta
de tsunamis no Oceano Pacífico sobre a possibilidade de um tsunami perto do epicentro do terremoto. A Indonésia e a Austrália, ambas integrantes
de rede do Pacífico, estavam entre os países que receberam alerta sobre a possibilidade de ondas gigantes formarem-se perto do epicentro. Mas a
Índia, o Sri Lanka e as Maldivas, localizadas ao longo do Oceano Índico, na linha do sismo, não receberam o alerta, pois não faziam parte do
sistema do Pacífico, afirmou Douglas L. Johnson, diretor do Serviço Nacional de Climatologia, que lida com alertas de tsunamis. (NY Times
29/12)