Atingidos por Barra Grande vencem batalhas, mas continuam em alerta
2004-12-27
Por Eduardo Lorea Leite (Porto Alegre)
Os atingidos pela barragem de Barra Grande poderiam festejar o resultado de uma reunião ocorrida na última quarta-feira (22/12), em Florianópolis, e outra no dia anterior, em Porto Alegre, mas estão ressabiados. Eles acusam a empresa responsável pela usina hidrelétrica de descumprir sistematicamente acordos anteriores.
Na capital catarinense, a empresa Baesa reconheceu o direito de reassentamento para mais 237 famílias das 285 defendidas pelo Movimento dos Atingidos por Barragens. Para as 48 restantes, prometeu adquirir 200 hectares de terra e auxiliar na formação de uma cooperativa agrícola. E mais: aceitou comprar a madeira para a construção de 400 casas populares e investir R$ 6 milhões na primeira fase de um projeto de reconstrução e desenvolvimento das comunidades atingidas. O valor contempla crédito para 1140 famílias agricultoras, financiamento de um projeto piloto de agroindústria, contratação de técnicos para elaborar um plano de desenvolvimento posterior, auxílio para comerciantes quebrados e professores desempregados e conclusão de assentamentos atrasados. Do governo, o MAB conseguiu arrancar 1400 cestas básicas, assistência para a construção das 400 casas populares e o fornecimento de energia para 600 famílias, nem todas de atingidos.
Ainda assim, Gilberto Cervinski, integrante da coordenação nacional do movimento, diz não estar satisfeito. ? Nós já fomos muito escaldados, alerta. Ele sustenta que as mesmas empresas responsáveis pelo consórcio Baesa já deixaram de fazer a sua parte em compromissos firmados anteriormente. Na barragem de Machadinho (RS), por exemplo, as casas dos reassentados não foram concluídas. Por isso, os atingidos decidiram manter a mobilização e voltar a impedir a continuidade das obras em caso de rompimento do acordo. Eles realizaram assembléias na véspera do Natal em diversos municípios da fronteira entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina.