Terra produz 1.000 toneladas de lixo por segundo
2004-12-23
Todos os anos, a humanidade joga no lixo 30 bilhões de toneladas de detritos. Isso representa quase 1.000 toneladas por segundo. Muitas regiões já não dispõem de espaço para armazenar a própria sujeira. Nas principais cidades do planeta, como São Paulo, a construção de aterros sanitários virou um problema grave. Os lixões não podem ser instalados em áreas urbanas, devido aos riscos de contaminação do ar e do solo. De Nova York, que produz 11.000 toneladas por dia, saem diariamente 550 caminhões de lixo para aterros sanitários nos estados de Nova Jersey e Virgínia. No Canadá, o lixo coletado na cidade de Toronto (na província do mesmo nome) viaja 800 quilômetros até ser despejado em uma mina desativada no interior da província.
Levar o lixo para mais longe só encarece e muda o problema de lugar, sem resolvê-lo. Boa parte, além disso, é de difícil reciclagem. O plástico ? que leva mais de 400 anos para se decompor ? responde por 20% do lixo urbano.
Lixo e saude
Aterros sanitários ajudam na proliferação de mosquitos transmissores de dengue, febre amarela e outras enfermidades. São um importante foco de leptospirose, doença transmitida pelos ratos. Bastam 50 toneladas de lixo para contaminar definitivamente 1 hectare de terra. O chorume, líquido tóxico originado da decomposição do material orgânico, misturado com a água da chuva, penetra no solo e pode alcançar lençóis subterrâneos.
O passivo no mar
A contaminação vem também dos esgotos. No Brasil, produzem-se em média 150 litros de esgoto por habitante diariamente. Mais de 95% são jogados nos rios e no mar sem nenhum tipo de tratamento. Somente no litoral, onde vivem mais de 40 milhões de pessoas, todos os dias são lançados ao mar 6 bilhões de litros. Nos Estados Unidos, o lixo e a poluição levada pelos rios estão transformando o Golfo do México em região morta. A degradação ambiental afugentou centenas de espécies que viviam naquela área. ? Nas costas geralmente se encontra a maior quantidade de peixes. Mas com esse nível de degradação a situação é crítica, alerta o ecólogo Ronaldo Barthem, membro do Global International Waters Assessment, órgão ligado às Nações Unidas que monitora o acesso a recursos hídricos de boa qualidade no mundo.
Boas iniciativas
Os Estados Unidos, que ocupam o topo da lista dos países que mais reciclam seu lixo, conseguem reaproveitar pouco mais da metade do que vai parar nas lixeiras. Na Europa Ocidental, virou rotina nos supermercados cobrar uma taxa para fornecer sacolas plásticas. Os clientes levam as suas de casa. Também na Europa, o bom e velho casco (de vidro ou de plástico) vale desconto na compra de refrigerantes e água mineral. Para a redução do lixo industrial, a União Européia está financiando projetos em que uma indústria transforma em insumo o lixo de outras fábricas. Até a fuligem das chaminés de algumas é aproveitada para a produção de tijolos e estruturas metálicas. (Veja 21/12)