Paraná conclui estudo genético de bactéria que pode valer R$ 350 milhões
2004-12-20
Um grupo de cientistas das principais instituições de pesquisa do Paraná
anunciou na quinta-feira (16) a conclusão de um seqüenciamento genético
que pode poupar R$ 350 milhões ao ano para os agricultores do estado. O
Programa Genopar - Genoma do Estado do Paraná fez a análise estrutural e
funcional da bactéria Herbaspirillum seropedicae, um microorganismo que tem
potencial para se transformar em um adubo natural para plantações de milho e
trigo, por exemplo. Além disso, a bactéria tem condições de aumentar a
velocidade de crescimento dos vegetais e sua produtividade em cerca de 30%.
O seqüenciamento genético foi feito em pouco mais de dois anos, envolveu
mais de 130 pesquisadores e teve financiamento de R$ 7,8 milhões. A maior
parte, R$ 6 milhões, veio do governo do estado. O restante foi dado pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia. Este foi o primeiro processo integral de
seqüenciamento de genoma realizado pelo programa, criado pelo governo
estadual em 2001.
A Herbaspirillum seropedicae é uma bactéria que pode ser encontrada em
gramíneas. Ela tem a capacidade de transformar o nitrogênio encontrado no ar
em amônia. Com isso, beneficia a planta em que vive, já que a amônia é uma
espécie de adubo biológico, e incentiva o crescimento das raízes. Desde
1986, quando foi descoberta pela Embrapa Agrobiologia do Rio de Janeiro,
unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a bactéria é
conhecida pela comunidade científica. A idéia dos pesquisadores paranaenses
foi conhecer melhor a sua estrutura e as suas funções para tirar proveito de
sua produção de amônia.
Transgenia - A principal possibilidade aberta pelo seqüenciamento é a
aplicação da bactéria em escala comercial para adubação de gramíneas.
Plantações de milho, trigo, arroz, sorgo e cana-de-açúcar, entre outras,
poderão ser beneficiadas. Além de diminuir os custos, a bactéria também
reduz o impacto da cultura sobre o meio ambiente. Os fertilizantes
nitrogenados, que são usados hoje e que poderão ser substituídos com a nova
técnica, são mais poluentes.
Outra possibilidade prevista pelos pesquisadores é a de mudar a genética da
bactéria para transformá-la em um adubador ainda mais eficiente. Para isso,
seria preciso modificar sua estrutura de maneira que ela passe a produzir
mais amônia do que faz em seu estado natural.
(Rogerio Waldrigues Galindo - Gazeta do Povo/PR, 16/12)