Perícia aponta falhas de empresa na explosão do navio chileno em
2004-12-20
Peritos internacionais contratados pelo clube de seguros P&I (cooperativa
formada por armadores internacionais) concluíram que o terminal da Cattalini
onde ocorreu a explosão do navio chileno Vicuña no dia 15 de novembro, no
Porto de Paranaguá (PR), apresenta falhas estruturais.
A P&I investiga o acidente porque terá de pagar indenização se for
comprovada culpa dos responsáveis pelo navio no acidente. Caso se comprove
falhas de terceiros – como, por exemplo, da operadora do terminal – a
seguradora poderá pleitear ressarcimento de parte dos danos. A Cattalini
considera absurda a possibilidade de ser responsável pela explosão.
Só em danos materiais (embarcação, carga e recuperação da baía), os
prejuízos chegam a US$ 25 milhões, valor que não inclui o resgate do navio,
os danos ambientais e as indenizações pela morte de quatro tripulantes do
Vicuña.
De acordo com o advogado L. R. Leven Siano, do clube de seguro P&I, o píer –
que fica ao lado do atracadouro da Petrobras – não tem as condições
adequadas para receber produtos inflamáveis. A perícia aponta problemas no
sistema elétrico do terminal, cuja rede tem fios desencapados, lâmpadas
velhas e inseguras, bombas sem as condições técnicas necessárias e supostos
problemas nas mangueiras. – O acidente com mil toneladas de óleo causou todos
os problemas conhecidos. E se fosse [com um navio de] 70 mil toneladas, como
já ocorreu na Espanha?, indagou Siano.
Além disso, advogados e ambientalistas dizem que o acidente poderia ser
menor se o terminal da Cattalini e o Porto de Paranaguá tivessem um plano
emergencial para conter acidentes de grandes proporções.
A Polícia Federal e a Capitania dos Portos do Paraná não têm prazo para
concluir sua investigação sobre o caso. O laudo pericial depende do resgate
de peças que estão submersas. O trabalho de recuperação do Vicuña deve
começar na semana que vem. Dois inquéritos policiais tentam elucidar as
causas do acidente. Um deles apura homicídio culposo (sem intenção, pelas
quatro mortes) e os danos ambientais. O outro investiga os danos ambientais
no Parque Nacional de Superagüi.
A perícia da P&I concluiu que a explosão pode
ter como origem gases que teriam vazado das mangueiras usadas na descarga do
navio. Também não descartou que fagulhas provenientes do sistema de
iluminação do terminal possam ter causado a explosão.
A Gazeta do Povo apurou que o terminal da Catallini foi criado para operar
com azeite e depois virou um píer de inflamáveis. Segundo o IAP - Instituto
Ambiental do Paraná, a empresa conseguiu cumprir todas as exigências
necessárias para a transformação. O licenciamento da empresa foi renovado
por volta de outubro de 2003, até o ano de 2005. (João Natal Bertotti -
Gazeta do Povo/PR, 16/12)