Desmatamento na América Latina continua acelerado, diz Pnuma
2004-12-19
A América Latina e o Caribe sofrem um acelerado processo de destruição de florestas que, em 2003, causou a perda de 2,5 milhões de hectares de matas na Amazônia, onde se encontra metade da diversidade biológica do planeta, denunciaram os participantes da Cúpula Climática, que está sendo realizada em Buenos Aires (Argentina). — Na América Latina e no Caribe temos um processo intenso de desmatamento, afirmou Ricardo Sánchez Sosa, diretor do escritório regional para a América Latina do Pnuma - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. — Somente em 2003, foram perdidos 2,5 milhões de hectares na Amazônia. No México desaparecem mais de 700 mil hectares de florestas por ano; a América Central tem o principal índice de desmatamento do planeta. Os países andinos perdem 300 mil hectares de florestas por ano, afirmou. Segundo a FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, o índice de desmatamento no Brasil nos anos 90 foi de 0,4% a cada ano, na Argentina, de 0,8%, e no México, de 1,1%. Sánchez Sosa explicou que a região produz 4,3% das emissões globais totais de dióxido de carbono por processos industriais, mas é responsável por 48,3% das emissões causadas pela mudança do uso de solo, basicamente a transformação de zonas de terrenos para a agricultura. De acordo com ele, a massa florestal apresentou crescimento apenas no Uruguai, Costa Rica e Cuba, — três países pequenos com importantes programas ambientais, disse. — Em todos os demais, continua a tendência de diminuir sua camada florestal.
Brasil
O Brasil, em cujo território se localiza a maior quantidade de florestas da América Latina e do Caribe, informou que o processo de desmatamento progride na Amazônia a um ritmo de 1,7 milhão de hectares por ano. O informe Mudança Climática na América Latina e no Caribe, apresentado este sábado (11) pelo Pnuma e pelo governo do México, informou que o corte de árvores na Amazônia brasileira durante a década passada aumentou 32%, passando de 14 mil a mais de 18 mil quilômetros quadrados - 1,8 milhão de hectares - por ano. Os funcionários brasileiros admitem que desde 1990 seu país perdeu 16,5% de sua massa florestal. O Brasil deu essa informação no ato em que apresentou seu primeiro comunicado nacional à Convenção de Mudança Climática das Nações Unidas, com o correspondente inventário dos processos que produzem gases de efeito estufa em seu território. João Paulo Capobianco, secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA - Ministério do Meio Ambiente, informou que, em 2003, o governo criou uma comissão interministerial, entre treze ministérios, para executar um plano de ação e prevenir o desmatamento da Amazônia. Para Sánchez Sosa, essa decisão de Brasília (DF) demonstra vontade política de lutar contra o desmatamento. Raúl Estrada Oyuela, representante da Argentina, declarou, por sua vez, que seu país está investindo há anos para reverter o processo de desmatamento, e que graças a suas florestas se captura 30% do carbono emitido. (FSP 14/12)