Estudo contraria tese de que o aquecimento global destrói corais
2004-12-19
A superfície dos recifes de coral do planeta poderá aumentar com elevação da temperatura dos oceanos, ao contrário da tese amplamente aceita de que o aquecimento global destrói os corais, indica um estudo realizado na Austrália. Estudos anteriores previram um declínio de 20% a 60% do tamanho dos recifes de coral até 2100 em relação à época pré-industrial, devido ao aumento dos índices de dióxido de carbono (CO2) à superfície dos oceanos pelo efeito de estufa. Mas um novo estudo de uma equipe da Universidade da Nova Gales do Sul, de Sydney (Austrália), dirigida pelo oceanógrafo Bem McNeil, estima, ao contrário, que as taxas de calcificação dos recifes de coral não estão em declínio e são equivalentes às de finais do século 19. — Nossa análise sugere que o aquecimento dos oceanos vai favorecer consideravelmente as taxas de crescimento dos recifes de coral, que vão finalmente ultrapassar as da época pré-industrial até 2100, afirmou McNeil. — As descobertas contradizem totalmente as previsões anteriores, segundo as quais o crescimento dos recifes de coral sofreriam no futuro um importante ou mesmo catastrófico declínio. O trabalho, realizado em parceria com outros organismos científicos australianos, vem publicado na última edição da revista Geophysical Research Letters. McNeil afirma que o seu estudo diz respeito a um único tipo de coral, considerado representativo, e que deverá ser entendido como ponto de partida para investigações mais avançadas e como elemento de debate. Os especialistas australianos consideram que o aumento da taxa de calcificação dos recifes de coral se deve muito provavelmente a uma melhoria do metabolismo ou a um aumento das taxas de fotossíntese das algas vermelhas. Projeções do aumento das temperaturas dos oceanos e da concentração de CO2 revelaram que o aumento da calcificação dos recifes associado ao aquecimento das águas era mais importante que o seu declínio ligado à presença acrescida de CO2 na atmosfera. — Embora tenha sido observado um declínio da calcificação até 1964, o aquecimento global eleva os efeitos do CO2 e estimula a retomada da calcificação do recife, disse Richard Matear, cientista da organização de pesquisa científica e industrial do governo australiano (CSIRO). Um estudo realizado em dois anos e recentemente publicado por cientistas da Universidade de Queensland indicara que os corais fosforescentes e coloridos da Grande barreira australiana morreriam até 2050 devido ao aumento da temperatura do oceano. (FSP 14/12)