Esquimós querem censura aos EUA pelo aquecimento global
2004-12-17
Os esquimós - ou povo inuit, uma população de 155 mil pessoas que vivem espalhada pelo Ártico sobrevivendo da caça de focas - planeja propor à Comissão Interamericana de Direitos Humanos uma declaração de que os Estados Unidos, ao contribuírem com o aquecimento global, estão ameaçando sua existência. O plano inuit é parte de uma mudança mais ampla no debate sobre as mudanças climáticas causadas pelo homem, evidente entre os participantes da 10ª rodada internacional de negociações em andamento em Buenos Aires, para evitar interferência humana perigosa sobre o sistema climático. Os líderes inuit disseram que planejavam sua iniciativa à reunião nesta quarta-feira. Representantes de países e comunidades pobres - das extremidades do Ártico, aos atóis dos trópicos aos flancos do Himalaia - dizem que estão em perigo por causa do aumento da temperatura e do nível do mar, apesar de não terem culpa disso. Eles estão trabalhando o tema não mais simplesmente como um problema ambiental, mas como uma violação a seus direitos humanos básicos.
A comissão interamericana, um braço investigativo da Organização dos Estados Americanos, não tem poderes coercivos. Mas uma declaração de que os Estados Unidos violaram os direitos dos esquimós poderia criar a base para um processo, seja contra o governo americano, numa corte internacional, o contra empresas americanas, numa corte federal. A conclusão é de vários juristas, incluindo-se alguns alinhados com a indústria. Tal petição poderia ter boas chances, agora que os países industrializados, incluindo-se os EUA, concluíram em relatórios e estudos recentes que o aquecimento relacionado às emissões retentoras de calor, que saem das chaminés e canos de descarga dos carros, está contribuindo para grandes mudanças ambientais no Ártico, afirmaram especialistas.
No mês passado, uma avaliação das mudanças no clima do Ártico elaborada por 300 cientistas para oito países que têm território dentro do Círculo Ártico concluiu que as influências humanas são atualmente o fator dominante. (O Globo 16/12)