Ciclo de destruição ameaça a Bacia Amazônica, alerta ong
emissões de co2
2004-12-16
O Greenpeace demandou ontem (15/12) dos governos ação imediata para proteger a Amazônia dos impactos devastadores do desmatamento e das mudanças climáticas. A Bacia Amazônica abriga a maior e mais exuberante floresta tropical do planeta, cobrindo uma área de cerca de 700 milhões de hectares em 9 países - equivalente ao território dos Estados Unidos sem o Alasca.
Estima-se que a Amazônia tenha até 30% da biodiversidade terrestre do planeta. Mas esta jóia da diversidade biológica está ameaçada por atividades humanas, como a exploração de madeira, abertura de estradas, queimadas, assentamentos e o desmatamento para a formação de pastagens ou para agricultura - principalmente produção de soja. - Desde a ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, a Amazônia Brasileira perdeu mais de 230 mil km2 de floresta devido às atividades humanas - uma área maior do que o estado do Paraná, disse Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia, do Greenpeace. - As emissões de CO2 provenientes do desmatamento e das queimadas na Amazônia são a principal contribuição do Brasil ao aquecimento global. Por sua vez, há cada vez mais evidências de que as mudanças climáticas tornam as florestas mais secas.
A Amazônia desempenha um papel fundamental no ciclo das águas e no equilíbrio do clima global, já que detém cerca de 20% de toda a água doce do planeta e armazena grandes quantidades de carbono. Uma rede de 100 mil quilômetros de rios depende diretamente da floresta - 50% das chuvas da região são produzidos por processos de evaporação e transpiração que ocorrem na própria floresta. Uma floresta mais seca leva a um maior número de queimadas. Maiores emissões de CO2 contribuem para maior aquecimento global. Isso diminui ainda mais a umidade da floresta, tornando-a mais suscetível a queimadas e a um processo de morte que vai penetrando em seu interior, em um ciclo vicioso e destrutivo. - A Amazônia é vítima e vilã. Ela contribui para o aquecimento global através do desmatamento e, ao mesmo tempo, sofre com os impactos das mudanças climáticas, disse Marcelo Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace no Brasil, presente à reunião internacional sobre clima que acontece em Buenos Aires, na Argentina. - Ela está no meio de duas forças destrutivas, cujos efeitos combinados poderiam substituir a floresta por savanas e deserto. Os governos devem agir imediatamente para barrar o desmatamento e devem se comprometer com a redução massiva de emissões de CO2 para deter o aquecimento global.