Delegados concordam: Kyoto não é única saída para mudança climática
2004-12-16
Com os Estados Unidos mantendo-se fora de cena, delegados de
mais de 190 países estão reunidos em Buenos Aires para
celebrar, enfim, o Protocolo de Kyoto, o primeiro tratado a
requerer cortes nas emissões de gases de efeito estufa,
relacionados ao aumento do aquecimento global. Mas os
especialistas já estão olhando para além de 2012, ano em que
expira o tratado. Muitos delegados e especialistas concordam
que o pacto, negociado em 1997, é profundamente frouxo e que
anos de demora para a finalização das regras significam que
muitos países que a ele aderiram terão dificuldade em
encontrar seus alvos para a redução de emissões. Os impactos
do protocolo também serão limitados porque ele excetua países
em desenvolvimento, incluindo gigantes que se industrializam
muito rapidamente, como China e Índia, de restringirem suas
emissões, sem falar na falta de suporte dos Estados Unidos, a
maior fonte dominante, no mundo, em emissão de gases de
efeito estufa. No entanto, delegados e oficiais das Nações
Unidas dizem que o tratado que foi ratificado por 130 países
e blocos internacionais, e começa a entrar em vigor em 16 de
fevereiro próximo, é um passo importante. Isto porque é a
primeira vez que nações industrializadas concordaram em
estabelece restrições mandatórias em relação às emissões de
dióxido de carbono, o gás estufa de maior peso no aquecimento
global e o produto inevitável da queima de combustíveis
fósseis que move as economias modernas. O tratado compromete
umas três dúzias de países industrializados a tomarem parte
no corte combinado de emissões de gases ate 2012, num
percentual de pelo menos 5% em relação aos níveis medidos em
1990. Também estabelece um sistema que permite a países
ganharem créditos de emissões investindo em projetos de
captura de carbono fora de suas fronteiras. Por exemplo,
investidores europeus concordaram, no mês passado, em comprar
créditos de carbono de um projeto de produção de eletricidade
em um descarte de resíduos no Brasil, onde são produzidas 31
mil toneladas de metano a partir do lixo, sendo o metano um
poderoso gás de efeito estufa. O encontro sobre a discussão
da mudança climática realiza-se em Buenos Aires, até sexta-
feira próxima (17/12). (NY Times, 13/12)