Um mundo mais quente evidencia-se em nossos quintais
2004-12-16
Os que buscam evidências do aquecimento global precisam olhar
para não mais longe do que para seus próprios quintais. O
rigoroso inverno britânico dá sinais de derretimento.
Quatroze dos últimos 16 invernos têm sido anormalmente
quentes. Apenas o inverno de 1995-1996 foi realmente frio, e
o Centro de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia
afirma que a chance de um novo grande resfriamento, como o
que ocorreu em 1963, está desaparecendo. Não se pode mais
escrever sobre o inverno Inglês, como fez o poeta Byron,
terminado em Julho para recomeçar em Agosto. O outono está
terminando tarde, a primavera esta começando mais cedo. Os
pássaros britânicos nascem, em media, nove dias mais cedo do
que nos anos 50, e os sapos acasalam-se sete semanas mais
cedo. As estações aumentaram seu período em 24 horas desde
1970. Dois terços da espécies de borboletas européias moveram-
se para regiões mais ao norte, algumas por mais de 150
milhas. Conforme reportagem do The Independent veiculada há
duas semanas, povos da região do Ártico perderam seu léxico
com a chegada de espécies que eles não sabem nomear em suas
línguas. Flores estão desabrochando na península Antártica,
onde temperaturas médias cresceram, em media, 9ºC nos últimos
50 anos. A capa de gelo do Ártico ficou 40% mais fina nos
últimos 30 anos. Os dez anos mais quentes já registrados
ocorreram apenas de 1990 para cá. Mas enquanto estes fatos se
empilham, há um ceticismo a respeito do aquecimento global,
certamente cenários de um mundo mais quente tornam-se ficção
científica. O escritor Michael Crichton - que nos deu
Jurassic Park - está para publicar sua nova novela novel, O
Estado do Medo, na qual ataca o consenso científico a
respeito da mudança climática. Enquanto ele desembarcou na
Grã-Bretanha para promover seu livro, na semana passada, tudo
o que ele precisa fazer é da uma olhada pela janela do hotel
para ver os efeitos do aquecimento global por ele mesmo. (The
Independent, 13/12)