Apesar de poluir o meio ambiente, Brasil recebe créditos por gerar energia a partir do lixo
2004-12-14
Em 2003, uma empresa da Baixada Fluminense resolveu transformar o lixo em fonte de energia. A Nova Gerar implantou a Central de Resíduos de Nova Iguaçu, aterro sanitário que canaliza o gás produzido, em vez de lançá-lo na atmosfera. Com o aumento do volume de resíduos, o projeto terá capacidade de gerar nove megawatts de energia, o suficiente para iluminar o município de Nova Iguaçu, com 900 mil habitantes. O gás é aproveitado como combustível na caldeira que processa o chorume, líquido tóxico proveniente da decomposição do lixo.
Ao custo de US$ 600 mil, o projeto começou em 2000, demorou para ser aprovado, mas virou o primeiro no mundo a receber créditos de carbono, concedidos pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) às iniciativas que reduzam a emissão de gases tóxicos na atmosfera.
A Nova Gerar foi montada pela S.A. Paulista, empresa de construção pesada, e pela Ecosecurities, de consultoria ambiental. O pagamento dos créditos é feito conforme o resultado das medições. Para ser aprovado, a soma final é submetida a uma auditoria contratada pelo Banco Mundial. Segundo Marco Antonio Fugihara, diretor da consultoria PriceWatherhouse, de janeiro a maio deste ano foram iniciadas negociações envolvendo 64 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2), mas a primeira concretizada é a de Nova Iguaçu. Os maiores interessados são a Europa, o Japão e o Canadá.
Se o Brasil sai na frente na certificação de um dos principais instrumentos de controle de poluentes, ainda deixa a desejar na proteção de suas florestas, segundo o inventário apresentado na 10ª Convenção sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP-10), que vai até o próximo fim de semana em Buenos Aires. (Isto é, nº 1836)