Juruena, entre Mato Grosso e Amazonas, preservará megadiversidade brasileira
2004-12-13
O Ibama deverá iniciar nesta semana, no município de Apiacás (MT), a consulta pública para a criação do Parque Nacional de Juruena, localizado na região Centro-Norte de Mato Grosso e sudeste do Amazonas, entre os rios Teles-Pires e Juruena. A informação é da diretora de Unidades de Conservação do Ibama, Cecília Ferraz. Ela recebeu do secretário de Meio Ambiente do Mato Grosso, Moacir Pires de Miranda, o sinal verde para dar início ao processo de criação do parque. Só falta agora a posição do governo amazonense que estuda a proposta do Ibama mas já se mostrou favorável à criação do parque.
O Parque Nacional de Juruena terá cerca de 3 milhões de hectares, tornando-se uma das mais importantes áreas de proteção integral do Brasil devido à megadiversidade encontrada na região. A área é tida como uma das prioridades para a conservação da biodiversidade brasileira por causa da extrema riqueza de paisagens, fisionomias vegetais, recursos hídricos, espécies da fauna, da flora e microorganismos.O parque de Juruena é formado por florestas ombrófila densa, ombrófila aberta, floresta decidual e cerrado.
As primeiras expedições realizadas pelo Ibama na área demonstram a importância ambiental do futuro parque. Já foram registradas 13 espécies de primatas pertencentes a dez gêneros diferentes; 84 espécies de anfíbios, entre os quais a perereca Phrynohyas resinifictrix, capaz de sobreviver somente em ambientes muito bem preservados. Existem na região cerca de 500 espécies de aves nos levantamentos preliminares. Muitas dessas espécies estão listadas como ameaçadas de extinção. Registros de aves como o gavião-real (Harpia harpija) predador que se alimenta preferencialmente de preguiças e macacos indica a existência de fauna diversificada, pois os níveis mais altos da cadeia trófica (alimentar) estão bem preservados.
Devido às características naturais, os pesquisadores acreditam que a região possua um grande potencial para a ocorrência de novas espécies, devido ao intrincado sistema de relevo, recortado por rios e com áreas que possibilitam o surgimento de formas de vida insuspeitas.
A área chama a atenção dos estudiosos desde o século XIX. Os primeiros cientistas a percorrem a região pertenciam à expedição do barão Langsdorff, (1832), um dos pioneiros a mapear as regiões centrais do Brasil. (Ibama, 11/12)