Geração hidráulica tem custo-benefício imbatível, dizem especialistas
2004-12-13
Se toda Bacia do Rio Amazonas fosse aproveitada para a construcao de usinas hidrelétricas, a eletricidade gerada chegaria a 105.410 megawatts (MW). O número reflete o potencial existente, mas apenas 0,5% deste total são efetivamente produzidos em usinas hidrelétricas. Os dados – compilados no Atlas de Energia Elétrica do Brasil – ilustram as vastas possibilidades de expansão do parque hidrelétrico nacional: do potencial brasileiro estimado de 260.095 MW, só 23% (60.511 MW) são aproveitados. — Durante algum tempo, os novos empreendimentos (de geração) vão continuar a ser hidrelétricos, em boa medida, sustenta o professor Roberto Schaeffer, do Programa de Planejamento Energético da Coppe-UFRJ (Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Apesar do custo elevado de construção, as usinas hidrelétricas são praticamente imbatíveis em termos de preço final da energia, frisa Schaeffer. Na verdade, argumenta Roberto, não seria realista esperar um aproveitamento de 100% do potencial de geração de energia dos rios brasileiros, já que existem limitações de ordem ambiental para a construção de reservatórios de usinas hidrelétricas. — Mesmo assim, o que dá para se fazer com cuidados ambientais adequados ainda é muita coisa, acrescenta o especialista em planejamento energético.
O potencial do Norte
No Brasil, a Região Norte é a que apresenta o maior potencial hidráulico: 44% do total nacional, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica. Já o Nordeste, com 10%, é a região de menor potencial. — Foi precisamente porque não há nada melhor para se gerar eletricidade, que países desenvolvidos – como o Canadá, a França e até os Estados Unidos e o Japão –aproveitaram seus potenciais hidroelétricos até onde era possível, para só então apelar para outras fontes primárias, tais como os combustíveis fósseis e a energia da fissão nuclear, argumenta o consultor da área de energia, Joaquim Ferreira de Carvalho, mestre em Engenharia Nuclear pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). — Até em países pouco favorecidos em termos de potencias hidrelétricos, como a Grã Bretanha e a Alemanha, os pequenos potenciais disponíveis foram aproveitados ao máximo. Segundo dados do Atlas de Energia Elétrica do Brasil, da Aneel, dos 260.095 MW de potencial hidráulico disponíveis no país, mais de 63% já foram inventariados. O termo inventariado significa que já foi elaborado quase um pré-projeto de engenharia, levando-se em consideração projeções de custos.