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2004-12-10
Após anos de discussão com comunidades indígenas e ambientalistas, o Brasil planeja começar a construção de seu primeiro duto de gás natural no coração da floresta amazônica, o que significa um passo importante rumo à auto-suficiência energética. Ao custo de US$ 430 milhões, o gás natural dos campos remotos de Coari vão seguir por 180 milhas ao longo de cidades amazônicas onde vivem 1,2 milhão de pessoas. De lá, o gás natural será levado de navio para abastecer 13 plantas termelétricas que hoje utilizam diesel, o que implicará a diminuição da dependência brasileira de importação de petróleo.

O Brasil ainda importa cerca de 25% de suas necessidades de energia, o que é estimado em mais de 2 milhões de barris por dia, incluindo o gás natural vindo da Bolívia. Mas, com a crescente produção dos campos offshore de gás natural de Coari nos próximos dois anos, o Brasil espera ser auto-suficiente em 2006. O projeto do duto teve início há cinco anos, quando as reservas de Coari provaram ser suficientes para bombear até 4,5 milhões de metros cúbicos de gás diariamente até Manaus. Mas grupos de ambientalistas e comunidades indígenas preocuparam-se com o impacto ambiental do empreendimento no sentido de que ele pudesse danificar a floresta tropical, onde vivem muitos dos 700 mil indígenas brasileiros. Uma das preocupações era a vinda de pessoas de fora para a região, agravando problemas como prostituição e alcoolismo que desagregam a cultura indígena.

A Petrobras trabalhou seguindo normas ambientais e não construirá estradas permanentes nos sítios onde ficam os dutos, fazendo a sua manutenção e o transporte de trabalhadores por meio de helicópteros. O plano ambiental inclui investimentos de US$ 15 milhões do governo em postos de saúde e sistemas de esgotos em sete cidades por onde os dutos de gás natural passarão. Usinas elétricas irão beneficiar uma população total de 177 mil pessoas, a maioria vivendo com menos de 1 dólar por dia. A Petrobras financiou 20% do projeto, e o BNDES, 80%. (CNN 08/12)

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