Vendedores de reserva florestal do Acre são localizados
2004-12-09
Os responsáveis pela tentativa de vender a Floresta Estadual do Chandless
(AC), uma área protegida com 975 mil hectares, foram localizados e devem ter
a prisão decretada nesta semana pela Polícia Federal. Os nomes não foram
revelados para garantir o sigilo das investigações, que estão na fase final.
O anúncio, oferecendo a reserva por R$ 34,12 milhões, foi localizado pelo
Interacre - Instituto de Terras do Acre no final de novembro. A oferta, no
entanto, já havia chamado a atenção de um grupo empresarial japonês, que só
não fechou negócio porque, segundo o Iteracre, teve acesso à matéria do
jornal A TRIBUNA, denunciando o estelionato.
Segundo o diretor do Interacre, Henrique Corinto de Moura, os responsáveis pelo golpe são acreanos e conseguiram
várias ofertas nas terras, já que o anúncio permitia a venda parcial da
reserva. Cada hectare sairia por R$ 35.
Os nomes e toda a transação feita com a Imobiliária Kramer, de Manaus (AM),
que publicou a oferta numa revista de bordo, já foram encaminhados ao MPF -
Ministério Público Federal e à Polícia Federal.
Segundo as investigações, um
dos responsáveis pelo golpe mora em Rio Branco (AC) e pertence a uma das
famílias tradicionais da classe média acreana.
A repercussão do anúncio da Reserva Chandless chegou à Câmara dos Deputados,
em Brasília (DF), onde a Comissão de Biopirataria começou a apurar o
caso.
Henrique Moura foi convidado para participar de uma audiência pública para
explicar os detalhes do episódio.
Localizado no centro de diversidade das florestas de mogno e bambu da região
que vai do Acre ao sul do Amazonas, a Floresta Estadual do Chandless, com
972 hectares, é um dos últimos refúgios da vida silvestre no Acre.
A área é considerada uma região prioritária para a conservação da natureza.
Com a criação da reserva em 1998, o Chandless ficou sob a proteção do
governo e tornou-se um patrimônio do povo brasileiro. Dentro da reserva
também se encontram duas terras indígenas. Com a Reserva Extrativista
Cazumbá-Iracema, elas formam um corredor ecológico entre o Brasil e o Peru.
(Josafá Batista/ A Tribuna)