Amplo estudo aponta ausência de tolerância na exposição ao benzeno
2004-12-07
O primeiro estudo realizado em um grupo numeroso de trabalhadores que respiram ar com níveis muito baixos de benzeno sugere que esta substância química pode prejudicar a estrutura óssea do organismo onde são produzidas as células sangüíneas, mesmo em quantidades abaixo das consideradas seguras pela legislação norte-americana. Os pesquisadores informaram ter feito a contagem de certas células brancas do sangue em 250 trabalhadores de uma fábrica de calçados chinesa expostos a pequenas quantidades de benzeno – menos de uma parte por milhão no ar. Esta contagem foi de 15% a 18% mais baixa do que uma similar, realizada em um grupo de 140 trabalhadores que atuam em uma fábrica de acessórios e que não estiveram expostos ao benzeno.
A baixa contagem sangüínea não estava em uma faixa considerada prejudicial, mas, independentemente disto, os especialistas encontraram fortes sinais de que o benzeno está entre um pequeno grupo de substâncias químicas para a qual não existe uma faixa de exposição segura. Este estudo foi realizado por cientistas do Centro de Prevenção e Controle de Doenças do Instituto Nacional do Câncer da China, por pesquisadores da Universidade de Berkeley (Califórnia, Estados Unidos) e por várias outras instituições. Foi publicado no dia 2 de dezembro último na revista Science. Durante mais de um século, o benzeno tem sido pesadamente utilizado como solvente em todo o mundo, com aplicações em muitos produtos, como borrachas, drogas, papéis e açúcar refinado.
É formado por cerca de 1% de gasolina e também é produzido quando da queima de carvão e de outros combustíveis. O benzeno tem sido identificado há muito tempo como causador de leucemia e outras doenças do sangue em pessoas expostas a significativas quantidades desta substância durante muitos anos, de forma que as regulamentações quanto ao seu uso foram estreitadas na maior parte dos países industrializados, assim como em nações mais pobres. A Agência de Saúde Ocupacional dos Estados Unidos (OSHA) estabeleceu em uma parte por milhão (ppm) o índice de tolerância humana ao benzeno, em ambientes ocupacionais, enquanto o Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (NIOSH), também em 1987, estabeleceu este limite em 0,1 ppm. (NY Times 04/12)